T Ó P I C O : C A F É - - - Qual o nível da produtividade de sua lavoura? [Prof. Donizeti]
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C A F É - - - Qual o nível da produtividade de sua lavoura? [Prof. Donizeti]
Autor: Sergio Parreiras Pereira
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2 comentários
Último comentário neste tópico em: 20/04/2017 16:57:08
Sergio Parreiras Pereira comentou em: 08/04/2017 06:19
C A F É - - - Qual o nível da produtividade de sua lavoura? [Prof. Donizeti]
Fisiologia da Produção do Café
Parte I - Qual o nível da produtividade de sua lavoura?
Prof. Dr. José Donizeti Alves
Professor de Fisiologia Vegetal
Universidade Federal de Lavras
Na palestra “Conhecer a planta e suas interações com o ambiente para maximizar a produção de café” proferida no XI Encontro de Cafeicultores de São Gotardo e Região, perguntei a plateia, em sua maioria, formada por cafeicultores, técnicos, consultores e profissionais de empresas envolvidas com o agronegócio café, se ela estava satisfeita com o nível de produtividade de sua lavoura, cuja safra está preste a ser colhida. Na sequencia da palestra discorri sobre o potencial de produção de uma lavoura cafeeira e considerando que “em off”, a maioria disse não estar satisfeita, discorrendo sobre as possíveis causas de “seu baixo rendimento”, resolvi escrever sobre o assunto (aqui segue a parte I), na esperança de alcançar maior número de cafeicultores interessados no tema.
Sadras et al. (2009)1 hierarquizaram, didaticamente, diversos tipos de rendimentos, que em ordem decrescente de magnitude denominaram de teórico, potencial, alcançável e em menor escala, o real (Figura 1).
Figura 1. Níveis de produtividade de uma lavoura e suas limitações.
O rendimento REAL se refere à carga atual de frutos nas plantas representando então aquilo que de fato o cafeicultor vai colher. Esta produtividade é o resultado de sua fisiologia, do clima, das condições de solo, do nível de tecnologia empregado bem como da habilidade do cafeicultor em manejar sua lavoura. Para aumentar o nível de seu rendimento para o ALCANÇAVEL, ele tem que intervir taticamente no manejo da lavoura e após um detalhado diagnóstico de suas ações, identificar as causas e adotar estratégias nos campos da nutrição, controle de pragas e doenças, poda, espaçamento, escolha de mais de um cultivar, colheita, biorreguladores, entre outras, de forma a manter as folhas verdes e funcionais na maior parte do tempo. Em outras palavras, isto significa adotar daqui para frente, tecnologias de ponta, disponíveis e amplamente mostradas em congressos, simpósios, revistas científicas e outras que tratam da cultura do café. Um forte aliado dos cafeicultores nessa etapa, por exemplo, é o sensoriamento remoto com drones para uso em projetos de irrigação, controle de pragas e doenças, nutrição, controle de maturação de frutos, eficiência de pulverização e a adoção de novas máquinas para o plantio, poda e colheita.
Vencendo esta primeira etapa, difícil, mas plenamente possível, o próximo passo é elevar a produtividade alcançável para o rendimento POTENCIAL que corresponde ao limite fisiológico do cafeeiro, em um dado ambiente, ou seja, a maior produtividade esperada para determinado cultivar na região, em condição de cultivo comercial, desde que não ocorra nenhuma restrição climática. Um bom exemplo do limite fisiológico entre plantas é a diferença brutal entre o rendimento fotossintético do milho, uma planta C4, comparativamente ao do café, uma planta C3 de origem sombreada. Portanto, para que a lavoura cafeeira expresse o seu potencial há que ultrapassar as limitações ambientais, entre elas o calor, imposto por alta luminosidade e seca. Dentre as atuais tecnologias destacam-se, a irrigação, escolha de espancamento, controle do mato, arborização, etc.
Finalmente, temos o rendimento TEÓRICO, que quase nunca é alcançado, pois ele representa a produção máxima da lavoura sem as limitações fisiológicas, quase que impossíveis de serem rompidas em condições de campo. Espera-se que nos próximos dez anos, haja um estreitamento da distancia entre os rendimentos potencial e teórico, à custa de muita pesquisa básica e aplicada, desde que o aquecimento global dê uma trégua. Identificar e entender as causas de distanciamento entre esses níveis hierárquicos de rendimento dos cultivos em geral e buscar, pela via da inovação tecnológica, a redução dessas diferenças é o desafio que compete às ciências agrárias (Cunha et al.)2.
A partir da observação de que os frutos de café se desenvolvem em rosetas e segundo o qual a produção = frutos/roseta x roseta/ramo x ramos x plantas/ha, o cafeicultor deve voltar os olhos para elas e estimar quão distante sua produtividade real está da alcançável ou potencial. Caso as rosetas estejam cheias de frutos graúdos ele está ajudando o cafeeiro a expressar o máximo de seu potencial genético, caso contrário há muito que se fazer. Na parte II desse tópico farei, em breve, uma abordagem sobre o potencial de produção de uma lavoura cafeeira, que pode vir a ajudar nesta questão.
SADRAS, V.; CALDERINI, D.; CONNOR, D. Sustainable Agriculture and Crop Physiology. In.: SADRAS, V.; CADERINI, D. (Eds.). Crop Physiology: Applications for Genetic Improvement and Agronomy. Academic Press, 2009. p.1-20.
Cunha et ali. A evolução do conceito de rendimento em agricultura e as estratégias de segurança alimentar. http://www.plantiodireto.com.br/?body=cont_int&id=1081
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LUÍS AMÉRICO PASETO comentou em: 20/04/2017 13:50
PRODUTIVIDADE X FISIOLOGIA
PARABÉNS ILUSTRE AMIGO E MESTRE PELA EXPLANAÇÃO EMBASADA NO CICLO VEGETATIVO / REPRODUTIVO DO CAFEEIRO. SAUDAÇÕES ESALIANA.
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