T Ó P I C O : # Chuva diminui risco de chochamento dos grãos, mas produção de café da atual safra já foi comprometida pela estiagem do ano passado
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# Chuva diminui risco de chochamento dos grãos, mas produção de café da atual safra já foi comprometida pela estiagem do ano passado
Autor: Denis Henrique Silva Nadaleti
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2 comentários
Último comentário neste tópico em: 06/02/2015 12:20:50
Denis Henrique Silva Nadaleti comentou em: 05/02/2015 14:53
# Chuva diminui risco de chochamento dos grãos, mas produção de café da atual safra já foi comprometida pela estiagem do ano passado
Chuva diminui risco de chochamento dos grãos , mas perdas provocadas pelo baixo crescimento vegetativo da planta no ano passado e problemas no pegamento da florada já podem ser superiores a 10%
Fonte: Notícias Agrícolas
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Denis Henrique Silva Nadaleti comentou em: 05/02/2015 14:56
Entrevista encaminhada pelo Prof. José Donizeti Alves
Prof. José Donizeti Alves
Departamento de Biologia
Universidade Federal de Lavras
- O que faz com que os cafés fiquem chochos? Seria novamente o déficit hídrico durante o período de enchimento dos grãos, assim como no ano passado?
Exatamente. No período de enchimento dos frutos que no caso do café equivale ao desenvolvimento da semente, são necessários que hajam duas coisas: água e carboidratos. A água obviamente a natureza provém, entretanto os carboidratos que vão servir de esqueletos carbônicos para a formação do grão, depende da fotossíntese e esta, por sua vez, depende basicamente de luz, água e temperatura em quantidades adequadas. Tem ai, portanto, uma interação planta-ambiente. No ano passado, assim como acontece em quase todos os anos, o desenvolvimento das sementes do café se deu nos no intervalo entre os meses de janeiro a meados de março. Nesses meses, faltou água e tivemos temperatura e luminosidade em excesso. Com isso o cafeeiro não conseguir fazer fotossíntese na quantidade necessária e ficou com um déficit de carboidrato. Na falta de carboidrato disponível para a formação da semente, o pouco que foi produzido não pode ser transportado das folhas até os frutos por absoluta falta de água. Assim a semente não se desenvolveu adequadamente, o que explica o aparecimento dos grãos chochos.
- No ano passado, Minas Gerais registrou cerca de 45% de café chocho. Nesse ano mudou alguma coisa, deve ser melhor ou pior?
Essa pergunta é importante uma que vez que além da perda de qualidade, grãos chochos diminuem o rendimento da colheita e isso sem dúvida alguma é um fator que causa prejuízos consideráveis ao cafeicultor. O mês de janeiro, na maioria das áreas cafeeiras, é caracterizado como o mês que se inicia o desenvolvimento da semente, e ele foi nesse ano, muito quente e seco. Isso certamente é um fator negativo e determinante para o processo. Entretanto, essas intempéries climáticas ocorreram no início do processo de enchimento dos grãos e faltam ainda um mês e meio a dois meses para que esse evento se complete. As chuvas que voltaram no final de janeiro foram muito úteis no arrefecimento da temperatura de maneira que, a volta das chuvas, ainda que irregulares, mal distribuídas e em volumes abaixo do normal, foi muito importante para estancar a formação de sementes mal desenvolvidas. Externamente pode-se notar que em várias lavouras as folhas do cafeeiro recuperaram a coloração verde intensa e o vigor vegetativo. Portanto, penso que, se as chuvas se estenderem para os meses de fevereiro e março, as altas temperaturas sofrerão uma trégua e a probabilidade que se repita a alta percentagem de grãos chochos e pequena e ela deverá ficar na casa de 5 a 8% o que é um índice considerado normal.
3) Existem outras cidades além de Jacuí-MG que apresentam cafés com condições parecidas?
Que eu saiba não. O único registro que foi destaque na rede foi nesta cidade.
- O mercado diz que não vai faltar café esse ano. Os produtores por outro lado estão se preparando para uma quebra de safra. Quem tem razão?
O que acontece é que as pessoas têm diferentes pensamentos e interesses, daí a contradição. Na verdade é factível trabalhar com três cenários.
- O primeiro cenário que eu chamo de otimista é aquele onde se espera que a produção de café neste ano seja a mesma do ano passado. Neste caso, considera-se que os efeitos da seca do ano passado não se somaram aos deste ano. Daí a estabilidade da safra.
- O segundo cenário, que eu chamo de muito pessimista, é aquele que considera que os treze meses de estiagem (janeiro do ano passado a janeiro desse ano) foram tão dramáticos que impõem quebra de safra por dois anos consecutivos, ainda mais se a estiagem avançar sobre os meses de fevereiro e março. Nessa visão, é passível de se admitir uma quebra de até 20%.
- O terceiro cenário, que chamo de pessimista, é aquele que considera uma queda de safra de até 10%, uma vez que com o retorno das chuvas a partir do final de janeiro, as temperaturas sofrem um arrefecimento e a umidade do ar aumenta. Isso é suficiente para frear as perdas pelos motivos expostos na primeira pergunta.
Há poucas semanas, escrevi que os efeitos da seca do ano passado se repetirão nesse ano. Trabalhava então com a hipótese do segundo cenário (muito pessimista). Entretanto, caso as chuvas continuem, sejam mais regulares e bem distribuídas, penso que o terceiro cenário (pessimista) seja o mais adequado, pelos efeitos da chuva no arrefecimento da temperatura. O primeiro cenário (otimista) ou mesmo um quarto cenário (muito otimista) que se esperam aumentos na safra, em minha opinião, estão descartados.
Fonte: Encaminhada por Prof. José Donizeti Alves
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