T Ó P I C O : Startup Argentina de Cápsulas de Café Quer Faturar US$ 8,7 milhões em 2026; Brasil Está na Jogada
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Startup Argentina de Cápsulas de Café Quer Faturar US$ 8,7 milhões em 2026; Brasil Está na Jogada
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 18/12/2025 16:09:20
Leonardo Assad Aoun comentou em: 18/12/2025 16:37
Startup Argentina de Cápsulas de Café Quer Faturar US$ 8,7 milhões em 2026; Brasil Está na Jogada

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Em 2015, enquanto trabalhava na Pirelli Pneus, o argentino Christian Faraoni enfrentava um problema simples, mas cotidiano: conseguir cápsulas reutilizáveis para as cafeteiras Nespresso. Era uma tarefa complicada e, ao mesmo tempo, não existia um método real de reciclagem além da logística reversa, que poucos usuários utilizavam.
O que, a princípio, parecia apenas um incômodo acabou se tornando a semente de um negócio que hoje fatura 1,6 bilhão de pesos (US$ 1,1 milhão ou R$ 4,5 mi na cotação atual ), com vendas projetadas de 12.500 bi de pesos (US$ 8,7 milhões ou R$ 43 milhões)) para 2026. O café é importado de Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia e Ruanda.
A ideia foi gestada, literalmente, na cozinha de Faraoni. Com um conhecimento do manejo de plásticos herdado de sua família e um forte desejo de empreender, ele começou a experimentar à noite, enquanto sua esposa e filhos dormiam e apenas quatro máquinas Nespresso permaneciam ligadas, usadas como laboratório.
Após várias tentativas frustradas — e estando prestes a abandonar seu sonho — o CEO da empresa conseguiu projetar uma cápsula recarregável capaz de oferecer a mesma cremosidade que uma tradicional e que poderia ser reutilizada até 100 vezes. Assim nasceu a Caffettino, criadora das primeiras cápsulas recarregáveis projetadas e fabricadas na Argentina, e que estão registradas como modelo industrial.
Desde 2016, o projeto cresceu como um empreendimento solo, com todos os desafios próprios de montar um negócio sem sócios ou estrutura. Mas tudo mudou três anos depois, quando Fernando Vidal (cunhado de Faraoni e recentemente desvinculado de uma multinacional) se juntou ao projeto. Esse foi o ponto de virada: a Caffettino deixou de ser uma empresa de cápsulas recarregáveis para se transformar em uma companhia integral de café de especialidade, onde as cápsulas passaram a ser um veículo e não o coração do negócio.
Da cozinha à planta própria
A reconversão implicou investimento, colaboradores e, sobretudo, infraestrutura. A Caffettino passou de terceirizar a produção para abrir sua própria planta em Villa Lynch, com uma área de injeção de plástico, um setor de montagem e outro dedicado exclusivamente ao processamento do café. Tudo equipado com tecnologia de ponta: uma torradora italiana IMF, equipamentos automáticos de embalagem e a primeira embalagem automática de café filtrado (drip coffee) do país.
Hoje, a empresa conta com uma equipe de 20 pessoas entre a planta e os escritórios.
A sinergia foi chave desde o início. Ao instalar sua primeira torradora, os sócios buscaram trabalhar com referências do setor e o fizeram ao lado de La Motofeca, um dos tostadores mais prestigiosos do país. Até o nome da marca nasceu de uma anedota corporativa, que envolvia um gerente italiano que visitava Buenos Aires e repetia constantemente “andiamo dal capo a prendere un caffettino” (vamos ao chefe tomar um cafezinho). Esse toque cultural ficou imortalizado na identidade da empresa.

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A Caffettino lançou as primeiras cápsulas compostáveis produzidas na Argentina
O investimento inicial foi de US$ 40.000 e, embora o caminho não tenha sido livre de obstáculos, o contexto mundial favoreceu em um momento chave: a pandemia acelerou o consumo doméstico de café e disparou o crescimento da empresa.
Entre 2019 e 2020, o aumento foi de 450%, um salto que obrigou a profissionalização dos processos e da estrutura. “Passamos de um crescimento abrupto para um mais moderado, mas sustentável. Para o final deste ano, esperamos fechar com um aumento de 45%, em comparação com 2024”, afirma Faraoni.
O desafio da sustentabilidade
A Caffettino lançou recentemente as primeiras cápsulas compostáveis produzidas na Argentina, um marco para a indústria local. O produto é o resultado de mais de três anos de pesquisa, desenvolvimento e testes junto a fornecedores e especialistas da área. As cápsulas são feitas com biopolímeros de fonte renovável (amido de batata) e seladas hermeticamente com filtros também compostáveis, garantindo frescor e uma extração de qualidade.
“Essas cápsulas representam o equilíbrio entre sustentabilidade, funcionalidade e experiência. Conseguimos um produto compostável sem abrir mão da qualidade, algo fundamental para nós desde o primeiro dia”, explica o CEO. Enquanto as cápsulas tradicionais de alumínio ou plástico podem levar entre 150 e 500 anos para se decompor, as da Caffettino se degradam de 6 a 12 meses em compostores domésticos, impulsionadas até mesmo pelos resíduos orgânicos do café.
A planta atualmente pode produzir até 300.000 cápsulas mensais — mais de 12.000 por dia — com uma injetora e molde especialmente projetados para esse desenvolvimento. A expectativa é dobrar a capacidade nos próximos meses, ampliar o sistema para Dolce Gusto e produzir para terceiros sob marca branca. “Nosso objetivo é que essa inovação transcenda a Caffettino e tenha impacto em toda a indústria”, destaca o fundador.
A empresa oferece café torrado, cápsulas recarregáveis, cápsulas compostáveis, café filtrado (drip coffee) e, desde dezembro, sua nova linha Caffettino Home, com cafeteiras e acessórios selecionados em uma viagem estratégica à China. “Não buscamos substituir a produção local, mas sim complementar o portfólio com produtos difíceis de desenvolver na Argentina”, enfatiza Faraoni.
Christian Faraoni e Fernando Vidal criaram a Caffettino, com a qual esperam faturar R$ 12.500 milhões (US$ 2.500 milhões) no próximo ano. Com uma base de mais de 50.000 consumidores digitais, a empresa atende tanto ao público iniciante no café de especialidade quanto aos buscadores de microlotes e perfis mais exóticos. A experiência do usuário é central: desde suas primeiras cápsulas recarregáveis até o seu pacote de café com uma colher dosadora inclusa, cada produto visa simplificar o ritual sem perder a qualidade.
Após tentativas sem sucesso na Espanha e no Peru, a empresa compreendeu que a expansão internacional exigiria aliados estratégicos. Atualmente, trabalha com uma empresa alemã para adaptar sua embalagem e chegar à Europa.
Além disso, Faraoni insiste que o diferencial da marca não é apenas o produto, mas a visão: “Torrar café é uma arte. Cada estilo requer uma torra ideal e cada método um moído específico. Nosso trabalho é levar essa experiência sensorial para casa e transformar algo cotidiano em algo inspirador”.
Enquanto completam seu portfólio doméstico e reforçam a distribuição, a missão da Caffettino continua sendo a mesma que nasceu em uma cozinha há quase uma década: inovar, elevar a experiência e transformar cada xícara em um momento que valha a pena.
Fonte: Forbes
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