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T Ó P I C O : 2025: UM ANO PARA FICAR NA MEMÓRIA! POR CARLOS BRANDO

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2025: UM ANO PARA FICAR NA MEMÓRIA! POR CARLOS BRANDO


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 18/12/2025 05:45:50


Leonardo Assad Aoun comentou em: 18/12/2025 01:12

 

2025: UM ANO PARA FICAR NA MEMÓRIA! | POR CARLOS H. J. BRANDO

 

2025: UM ANO PARA FICAR NA MEMÓRIA!

Por Carlos H. J. Brando

Todo ano cafeeiro é diferente do anterior, mas 2025 foi significativamente diferente no Brasil. As tarifas impostas pelos Estados Unidos podem ter tornado este ano memorável, assim como geadas e secas marcaram anos anteriores, por exemplo 1994 e 2021, respectivamente. Mas o tarifaço não está sozinho...

Sem título

Em 2025, os preços atingiram patamares recordes ao longo de todo o ano, tanto para o café Arábica quanto para o Robusta. Como os preços elevados recentes estão associados a mudanças climáticas, a evidência de 2025 é que a agricultura regenerativa veio para ficar, como forma de tornar o cultivo do café resiliente num futuro próximo. Por fim, mas não menos importante, a marca Cafés do Brasil iniciou seu reposicionamento, com um logotipo atualizado e a introdução do conceito ESG+T.

Tarifas dos EUA

O tarifaço dos Estados Unidos passou a ser associado à palavra “Trumpulência” no Brasil. O termo foi criado a partir da palavra “turbulência” e é usado de forma irônica para se referir às ações do presidente americano. Alguns dirão que a palavra de referência seria “truculência”, e não “turbulência”, mas não vamos entrar nesse debate aqui.

As tarifas norte-americanas foram abolidas no fim de novembro, mas causaram estresse significativo e prejuízos tanto às exportações quanto a todo o agronegócio café brasileiro em 2025. O setor cafeeiro brasileiro negociou bem, e o bom senso — ou o senso comercial — prevaleceu do lado americano. Ainda assim, a mensagem é clara: não vivemos mais em um mundo em que o livre comércio seja um objetivo. Muito pelo contrário, barreiras regulatórias e tarifas tornaram-se, mais do que nunca instrumentos geopolíticos.

Preços

Os preços do Conilon/Robusta e do Arábica brasileiros nunca haviam estado tão próximos, quase iguais como em abril de 2024. De lá até hoje, os preços subiram mais de 100% para o Arábica e cerca de 30% para o Conilon!

Os preços do café permaneceram elevados por mais tempo do que muitos esperavam devido a fenômenos climáticos que afetaram não apenas o Brasil, mas também o Vietnã e outros países produtores. Embora esses preços altos do café verde sejam positivos para os produtores, o lado negativo é que estão sendo repassados aos consumidores, com impactos que vão desde a migração para produtos de menor custo até a substituição do café por outras bebidas, sem mencionar cafés falsos (“fake coffees”) e o desenvolvimento de substitutos que não utilizam café.

Como a previsão climática para as regiões produtoras não indica condições favoráveis para uma recuperação da produção mundial no próximo ano cafeeiro, há o receio de que o “down-trading” – migração para produtos mais baratos – e a mistura com produtos que não são café afetem a qualidade, além de impactarem a taxa de crescimento do consumo.

Agricultura Regenerativa

A necessidade de desenvolver resiliência às mudanças climáticas tem chamado atenção crescente à agricultura regenerativa. Pode-se afirmar que em 2025 a agricultura regenerativa consolidou sua posição como uma ferramenta chave a ser adotada pelos cafeicultores brasileiros.

Diversas iniciativas foram concebidas ou criadas pelos setores público e privado para promover e facilitar o uso da agricultura regenerativa, frequentemente utilizando os 7 Elementos e Práticas definidos pela Plataforma Global do Café (GCP) no Brasil, como resultado de um processo de consulta que envolveu atores relevantes da cadeia cafeeira brasileira. Esses 7 Elementos e Práticas para a Implementação da Agricultura Regenerativa abrangem:

  1. Construção da fertilidade do solo em profundidade e uso racional de fertilizantes

  2. Aumento do húmus e da matéria orgânica

  3. Introdução e manejo de bioinsumos e microrganismos

  4. Capacidade de retenção de água e adequada reestruturação física do solo

  5. Conservação e serviços ambientais

  6. Manejo ecológico e integrado de pragas e doenças

  7. Renda digna, condições de vida justas, trabalho decente e integração com as comunidades rurais

Pesquisas, experimentos e estudos de caso mostram que as práticas de agricultura regenerativa são úteis não apenas para desenvolver resiliência às mudanças climáticas e conservar o meio ambiente, mas também para melhorar a renda dos cafeicultores no médio prazo. No entanto, investimentos e financiamento para viabilizar a implementação dessas práticas são necessários no curto prazo.

Embora os retornos sejam recorrentes após a implementação da agricultura regenerativa, a forma de financiar os investimentos nos primeiros anos (período de transição) ainda é um desafio, especialmente para os pequenos produtores.

Reposicionamento dos Cafés do Brasil

2025 também marcou o reposicionamento da marca Cafés do Brasil. 

O rebranding anterior ocorreu na virada do século, com a adição do “s” em vermelho e a criação do slogan “um país, muitos sabores”, para promover a diversidade dos cafés brasileiros, cultivados em diferentes regiões produtoras e terroirs.

O reposicionamento recente, em 2025, atualizou o logotipo e introduziu o conceito ESG+T. O “T”, de tecnologia para transformar com respeito à tradição, evidencia que a tecnologia é hoje um ativo fundamental para aumentar a produtividade, com a devida preocupação ambiental e proporcionando os benefícios sociais advindos da renda maior dos produtores.

Concebido para ser utilizado na comunicação com compradores e consumidores de cafés brasileiros, esse conceito ESG+T também explica a liderança do Brasil na produção mundial. Não deixa de ser curioso que, por várias razões, os países concorrentes não incorporam mais tecnologia em seus sistemas de produção, colheita e processamento pós-colheita para aumentar sua produtividade e os lucros de seus agricultores e criar um círculo virtuoso de maior produção, capaz de enfrentar a atual concentração da produção mundial de café no Brasil e no Vietnã.

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