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T Ó P I C O : Novas cultivares podem dobrar a produção de arábica no ES

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Novas cultivares podem dobrar a produção de arábica no ES


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 18/11/2025 17:27:15


Leonardo Assad Aoun comentou em: 18/11/2025 17:03

 

Novas cultivares podem dobrar a produção de arábica no ES

 

Projeto do Incaper indica novas variedades capazes de dobrar a produtividade média do café arábica no Espírito Santo

Por Fernanda Zandonadi/Conexão Safra

Cultivares café arábica

Foto: Incaper/divulgação

Um projeto iniciado em 2017 pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) está redesenhando as perspectivas da cafeicultura de arábica no Espírito Santo. Coordenado pelo pesquisador Maurício Fornazier, o estudo nasceu a partir da constatação de uma lacuna entre o material genético de café disponível no Brasil e o que vinha sendo introduzido no estado. Os resultados foram publicados na cartilha: Café arábica: cultivares validadas para o Estado do Espírito Santo.

A equipe identificou as áreas mais aptas, com altitudes adequadas, e distribuiu 10 materiais genéticos em três regiões estratégicas: Montanhas, Caparaó e Noroeste do Espírito Santo. Após a instalação dos experimentos, o projeto atingiu a condição de indicar cultivares de café arábica específicas para o estado, com base em resultados consolidados de campo.

Produtividade duas vezes maior

Um dos objetivos centrais do trabalho é a recomendação final de cultivares de café arábica para os produtores capixabas. O extensionista e pesquisador Cesar Krohling explica que os experimentos avaliaram resistência à ferrugem, produtividade, qualidade da bebida, estabilidade, adaptabilidade, vigor vegetativo e peneira dos grãos.

Todos os ensaios foram conduzidos com o mesmo delineamento: espaçamento de 2,5 metros entre linhas e 0,80 metro entre plantas, com uma ou duas hastes por planta. Os dados, já na sexta colheita, mostram ganhos expressivos de produtividade:

  • Região Noroeste: de 53 a 59 sacas de café por hectare (média dos melhores materiais);
  • Região de Montanhas: de 50 a 53 sacas por hectare;
  • Região do Caparaó: de 48 a 50 sacas por hectare.

Na média das melhores cultivares, a produtividade alcançou 50,4 sacas por hectare, quase o dobro da média atual do Espírito Santo, hoje em torno de 27 sacas por hectare. Considerando a área de arábica do estado, estimada em 121 mil hectares, os pesquisadores apontam que seria possível produzir, em um cenário de adoção das melhores cultivares, mais de 6 milhões de sacas de café arábica.

A qualidade da bebida também foi avaliada: as notas variaram de 83 a 86 pontos, indicando que todas as variedades testadas têm potencial para produção de cafés de qualidade superior. Os experimentos ainda mostraram que os materiais apresentam boa adaptabilidade e estabilidade frente às mudanças climáticas observadas nos últimos seis anos.

Cultivares recomendadas

Os resultados permitem organizar as cultivares em grupos, de acordo com a época de maturação e o desempenho nos diferentes ambientes testados:

  • Maturação precoce
    • Catucaí 785/15 (fruto vermelho, com material também disponível em fruto amarelo)
  • Maturação média
    • Tupi
    • Catucaí Amarelo 2SL (recomendado especialmente para altitudes mais elevadas)
    • Catucaí Amarelo 24/137 (também indicado para altitudes mais elevadas)
    • IPR 103, que se destacou em praticamente todos os locais
  • Maturação tardia
    • Acauã
    • Arara
    • Japi

As cultivares de maturação tardia citadas são resistentes à ferrugem do cafeeiro. Já os materiais de menor produtividade foram o Catuaí, que apresentou alta incidência de ferrugem, e o Katiguá MG2, que, apesar de resistente à doença, não mostrou boa adaptação nos 11 ambientes avaliados.

Impactos econômicos, ambientais e sociais

Com base nos resultados, os pesquisadores destacam que há opção real para substituição gradual do parque cafeeiro do Espírito Santo com materiais mais produtivos e adaptados. Segundo Maurício Fornazier, isso poderia, em pouco tempo, levar o estado a no mínimo dobrar a produção de café, gerando impactos diretos no recolhimento de ICMS, no caixa do Estado e em toda a cadeia ligada ao principal produto agrícola capixaba.

Do ponto de vista ambiental, a adoção de cultivares resistentes à ferrugem contribui para reduzir o uso de agroquímicos, especialmente fungicidas. No campo social, lavouras de alta produtividade aumentam o rendimento da colheita, favorecendo melhores ganhos para os trabalhadores e maior rentabilidade para as famílias produtoras, contribuindo para o bem-estar e a permanência no campo.

Produtores confirmam resultados

As áreas experimentais instaladas em propriedades rurais também se tornaram referência para produtores vizinhos, funcionando como verdadeiros laboratórios a céu aberto.

Venda Nova do Imigrante

Produtor familiar de quarta geração em Venda Nova do Imigrante, Fabiano Avanci participa desde 2019 do projeto com as 10 variedades instaladas no município. Ele destaca a importância de utilizar cultivares com diferentes épocas de maturação para facilitar a colheita e melhorar a qualidade do café colhido.

Fabiano relata que, a cada renovação de lavoura, costuma optar por pelo menos três das cultivares avaliadas, implantando áreas de meio hectare a um hectare, sempre buscando resistência a doenças como a ferrugem e a possibilidade de colher café maduro por mais tempo, o que favorece a produção de cafés especiais. Entre os materiais citados na sua propriedade estão o Catucaí 785, o Arara, o Catucaí Amarelo 2SL e o Catucaí Amarelo 24/137, além de cultivares tradicionais da família.

Afonso Cláudio

Em Afonso Cláudio, o produtor Wellington Ferreira também participa dos experimentos do Incaper e destaca o desempenho do Catucaí 785, classificado por ele como um café precoce, de produção anual boa e qualidade adequada para quem busca cafés de qualidade.

Na propriedade, além do Catucaí 785, Wellington trabalha com Arara, Catucaí Amarelo 2SL, Catuaí e IPR 103, ressaltando que este último vem mantendo produtividade alta por três anos consecutivos. Ele relata que, graças à mudança de variedades e ao uso de tecnologia, o experimento tem alcançado cerca de 60 sacas por hectare, enquanto a área geral da propriedade está em torno de 50 sacas por hectare, mesmo em fase de renovação. O objetivo, destaca, é garantir qualidade de vida e melhor remuneração para seguir na atividade que ele afirma amar.

Guaçuí

No Caparaó, o produtor Leandro de Paula, em Guaçuí, descreve a unidade experimental como um verdadeiro “curso de pós-graduação” para ele e para os cafeicultores da região. A área recebe visitas constantes de produtores interessados em saber quais variedades estão mais adaptadas à altitude local e em usar os resultados como base para a formação das próximas lavouras.

Leandro aponta o Arara como uma das cultivares que mais se destacaram, com alta produtividade, excelente qualidade de bebida e frutos graúdos. Ele também destaca o Catucaí Amarelo 2SL, de maturação um pouco mais precoce que o Arara, com boa produtividade e qualidade de bebida, e o Catucaí Amarelo 24/137, que também apresentou alta produtividade e frutos graúdos e está entre os materiais que pretende plantar em novas áreas.

 

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