Leonardo Assad Aoun comentou em: 31/10/2025 17:39

Produtora de Monte Santo representa o Brasil na final do Prêmio Internacional Ernesto Illy, na Itália

Por Nelson Duarte/Jornal do Sudoeste

A produtora Arabela Pereira Lima, da Fazenda Nova Esperança, localizada em Monte Santo de Minas, está prestes a viver um dos momentos mais marcantes de sua trajetória na cafeicultura. Ela embarca no início da semana para a Itália, onde participará, no próximo dia 6 de novembro, da grande final do 10º Prêmio Internacional Ernesto Illy de Café, reunindo 27 cafeicultores de novos países.

A conquista que levou à etapa mundial aconteceu em maio deste ano, quando o café produzido na Fazenda Nova Esperança foi eleito o melhor café do Sul de Minas, categoria que abrange também o Sudoeste do Estado, e ficou entre os três melhores cafés de todo o Brasil, em uma seleção nacional com 40 finalistas. A vitória garantiu à produtora o direito de representar o país no palco internacional da premiação, em Roma.

"Participar dessa final é um reconhecimento da dedicação, do estudo e da persistência. É também o símbolo da força da mulher na cafeicultura. Eu vou para Roma representando todas as mulheres que cuidam do café com amor, atenção e excelência", declara Arabela.

Em outubro, a Fazenda Nova Esperança participou do 7º Concurso Municipal de Qualidade de Café (Paraíso dos Cafés Finos), em seu estande foi lançada sua marca própria de café, Leda e Léo.

HERANÇA DE TRABALHO E AMOR À TERRA

A história da fazenda se confunde com a da família. Há 55 anos, a mãe de Arabela, Leda Terezinha Castellani Pereira Lima, assumiu a produção após o falecimento do marido, em 1973. Sem experiência com o cultivo, aprendida com agrônomos e técnicos, guiada pela necessidade de sustentar as filhas e pela vontade de vencer.

"Minha mãe não entendeu nada de café, mas grudou nos agrônomos e foi aprendendo. Com muito carinho, zelo e amor, construído o relata que a fazenda é hoje", Arabela. Foi Leda quem decidiu mudar o nome da propriedade, antes chamada Jambeirinho, para Nova Esperança. “Ela dizia que aquele nome simbolizava uma nova esperança de vida para ela e para nós, suas filhas.”

DO SONHO À REALIZAÇÃO

Arabela se formou em Agronomia e, há cerca de cinco anos, foi designada de forma integral à administração da fazenda, que possui 70 hectares cultivados. Ela decidiu investir na produção de cafés especiais, em um momento em que acreditavam nessa possibilidade.

"Muitos acharam que era uma loucura, mas fomos estudando, aplicando novas técnicas e conseguindo. Nosso propósito era nos tornarmos fornecedores fixos da Illy, e aprender a produzir dentro do padrão exigido", explica.

Desde então, a fazenda completou 20 anos consecutivos de recursos para a Illy, marca com a qual mantém uma parceria iniciada em 2002, quando a antiga Cooparaíso apresentou o café da família à empresa italiana.

Em 2015, Leda foi campeã nacional com sua história no concurso que comemorou os 25 anos da Illy no Brasil, quando a frase final de sua narrativa emocionou o público e os jurados: “Combati o bom combate, cumpriu a minha missão e agora passo o bastão para a nova geração”.

TRAJETÓRIA PREMIADA E PROPÓSITO COLETIVO

Desde 2009, mãe e filha vêm participando de concursos da Illy e de outras premiações. A Fazenda Nova Esperança já foi reconhecida em eventos como o da Olam — ficando entre os primeiros colocados.

"Cada prêmio tem um significado especial, mas o maior deles é mostrar que é possível sonhar e realizar. Eu sempre digo que sonhar não custa nada, e o importante é não desistir", afirma Arabela.

Para ela, o verdadeiro sentido da conquista é coletivo: “Todo café campeão é resultado de muitas mãos. Hoje tenho quatro funcionários na labora, e cada um deles faz parte desse sonho. Eles sabem que o café precisa ser feito com paixão, porque é consumido por pessoas no mundo inteiro. O café feito com amor é o que conquista o paladar e o coração de quem o prova”.

MULHER, CORAGEM E CAFÉ

Arabela embarca para Roma com a liberdade de estar representando sua fazenda, sua família, e toda uma geração de mulheres cafeicultoras. "Quando uma mulher assume uma produção, ela faz muito bem feita. E quando sonha, sonha grande", resume.

Determinada, ela encerra com uma mensagem que sintetiza sua caminhada: "O dinheiro compra muita coisa, mas a satisfação da conquista é diferente. É o reconhecimento de uma vida inteira de amor à terra, ao café e à esperança".

Além da Fazenda Nova Esperança, mais dois produtores mineiros representam a cafeicultura brasileira na final do Prêmio Internacional Ern-to Illy, Dimas Mendes Bastos (Matas de Minas) e Fazenda Sequóia (Chapada de Minas) .

Visualizar | |   Comentar     |