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T Ó P I C O : Vista Alegre: a excelência em uma xícara de café

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Vista Alegre: a excelência em uma xícara de café


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 20/12/2024 10:04:39


Leonardo Assad Aoun comentou em: 20/12/2024 10:10

 

Vista Alegre: a excelência em uma xícara de café

 

ASN Nacional - Agência Sebrae de Notícias

Foto: Divulgação

O casal Renato e Tainã assumiu provisoriamente a produção de café da família e, sete anos depois, produz um dos cafés especiais mais premiados do país

Por Redação

“Entrei no cultivo de café sem expectativas, apenas deixando as coisas acontecerem”, conta o produtor Renato Rodrigues, do município de Piatã, na Chapada Diamantina (BA). “Éramos ensinados que o sucesso estava na capital. Queria sair de Piatã e estudar engenharia civil”, complementa. Seus pais tinham uma chácara, a Vista Alegre, onde produziam café e que foi o sustento da família por muitos anos. Quando a venda do grão deixou de ser lucrativa, eles se tornaram comerciantes de calçados e confecções, até que o comércio passou a ser a principal fonte de renda. Eles mantiveram a chácara, mas a dedicação já não era mais a mesma.

“Quando meu pai adoeceu e não pôde mais cuidar do café, começou a planejar transformar a propriedade rural em pasto. Eu e minha companheira Tainã Bittencourt decidimos voltar e assumir a produção”, relembra o baiano. Quando Tainã e Renato assumiram a propriedade rural, já existiam cafeeiros de mais de 20 anos no local. No primeiro ano, em 2014, o casal se dedicou a buscar informações sobre como produzir um café de qualidade, o que já era uma realidade na Chapada Diamantina, mas não era o café comercializado pela Chácara Vista Alegre na época.

Conduzimos cada etapa sobre a qual aprendemos com todo o cuidado possível, mas o custo era muito mais alto do que o café comum e nossa ideia era passar, no máximo, um ano cuidando da chácara. Além disso, éramos desconhecidos no mercado e não possuíamos tanto conhecimento sobre café. Não tinha como competir com quem já estava estruturado.

Renato Rodrigues, produtor.

Apesar dos desafios, eles decidiram inscrever o café no Cup of Excellence – o principal concurso de qualidade para cafés especiais do mundo, realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA – sigla em inglês).

“Ficamos entre os cinco primeiros!”, comemora o produtor. “Foi um momento de virada de chave. Em menos de um ano, nossa dedicação e o nosso produto foram reconhecidos em uma xícara de café. O júri não queria saber quão grande éramos ou o tempo em que estávamos no mercado, eles queriam apreciar e premiar o que eles sentiram de melhor durante as degustações.”

Renato e Tainã foram morar com a família na Chácara Vista Alegre. Foto: Arquivo pessoal.

Com energia extra, passaram a pesquisar o mercado e perceberam que, enquanto o café da região era pouco conhecido no Brasil, já era bastante valorizado internacionalmente. “Decidimos investir no mercado interno e fomos acolhidos por algumas pessoas e cafeterias, como a 4beans, de Curitiba”, relata. A cidade do Paraná já vivia um novo momento de consumo de café, em que o trabalho dos produtores era verdadeiramente valorizado.

“Fomos surpreendidos pelo reconhecimento dos clientes, que nos parabenizaram quando estivemos em Curitiba”, afirma Renato. Desde então, eles passaram a receber consumidores na propriedade. “Eles queriam conhecer a propriedade, tocar o café, sentir e ver a terra. No início, foi muito impactante”, relata. Tudo aconteceu tão rápido e de forma inesperada, que Renato e Tainã decidiram continuar se dedicando ao café.

O estímulo financeiro nesse início também foi fantástico. Quando o café foi premiado, em seguida participou de um leilão e o valor do arremate chegou a 10 vezes o preço de mercado.

Renato Rodrigues, produtor.

Com a mudança nos planos, o casal foi morar na Vista Alegre, construíram casa, reformaram espaços, mas quando chegou o período de colheita, faltava dinheiro. Foi então que Renato procurou o Sebrae. “Participei de capacitações que contribuíram significativamente para minha formação em gestão e até na produção. No primeiro ano, não soube lidar com o dinheiro que recebi. No Sebrae, aprendi a importância de uma gestão financeira eficaz, controlando as receitas e despesas ao longo do ano”, exemplifica.

Para ele, um dos cursos mais impactantes foi o de “Qualidade Total Rural”, focado em facilitar o dia a dia dos empresários rurais e levar conhecimento sobre o gerenciamento da propriedade. “Esse curso mexeu bastante comigo, lembro de cada detalhe.”

Associados da Cooperativa de Cafés Especiais e Agropecuária de Piatã (Copiatã). Foto: Divulgação.

Café Especial

A qualidade do café da região é resultado da soma de diversos fatores. “Estamos na cidade mais alta do Norte e Nordeste, a 1.268 metros de altitude, onde um microclima peculiar se destaca como ideal para a produção de cafés especiais e favorece um amadurecimento mais lento dos frutos, permitindo que absorvam mais sais minerais e açúcares. Como consequência, nossos cafés oferecem sabores únicos e excepcionais, refletindo a riqueza do nosso terroir, esclarece.

A fase de colheita é igualmente importante, feita de forma manual e seletiva. Apenas os frutos maduros são colhidos. Na sequência, há um processo de seleção bastante criterioso para “aproveitar o melhor o que a terra entrega”. Com todo esse conhecimento adquirido e acumulando dezenas de prêmios, Renato passou a dar palestras sobre o cultivo e a realizar Dias de Campo em parceria com o Sebrae. “São sete anos construindo uma história juntos”, comemora.

Recentemente, o Sebrae apoiou também um evento importante na região organizado pela Cooperativa de Cafés Especiais e Agropecuária de Piatã (Copiatã), da qual Renato faz parte, em parceria com a Prefeitura. A primeira edição do Encontro Café e Cultura recebeu mais de três mil pessoas durante três dias e contou com a participação dos maiores especialistas do Brasil.

Agora, estamos estudando com o Sebrae o desenvolvimento de uma marca, com estratégia e produtos que possam ser vendidos para quem visitar a chácara, como camisetas, bonés e café em embalagens menores. Por enquanto, são só ideias. No futuro, quem sabe também um e-commerce.

Renato Rodrigues, produtor.

Atualmente, o café in natura produzido na Chácara Vista Alegre é exportado para Austrália, Estados Unidos e Japão e vendido para as principais torrefações do Brasil. É possível encontrar o café da Vista Alegre em 18 estados. “Me sinto realizado como produtor. Nunca imaginei que o que faço hoje poderia me trazer tanta satisfação”, garante.

Fonte: Sebrae

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