T Ó P I C O : Cooperativa lança projeto para pagar por descarbonização na cadeia do café
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Cooperativa lança projeto para pagar por descarbonização na cadeia do café
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Cooperativa lança projeto para pagar por descarbonização na cadeia do café
Iniciativa espera atrair mais de R$ 1 bilhão de investidores estrangeiros a ser aplicado em práticas regenerativas em cafezais
Por Rafael Walendorff — Brasília/Globo Rural
Thamiris Miranda, da Cocatrel: projeto mostra que preservar gera renda — Foto: Divulgação
Um projeto-piloto para remunerar pequenos produtores pela descarbonização na cadeia do café espera atrair mais de R$ 1 bilhão de investidores estrangeiros. O dinheiro será investido em práticas regenerativas em cerca de 60 mil hectares de cafezais de cooperados da Cocatrel, em Três Pontas, em Minas Gerais. A iniciativa pretende gerar créditos de carbono e certificação de boas práticas para incrementar a renda dos cafeicultores mineiros. O prazo é de dez anos.
Articulada pelo Departamento de Gestão de Risco do Ministério da Agricultura, o Conselho Nacional do Café (CNC) e a consultoria ProNatura International, a iniciativa já chamou a atenção de empresas como Rabobank, e potenciais investidores internacionais, como o banco americano Goldman Sachs, que já teriam sinalizado aportes de US$ 200 milhões, segundo os idealizadores. Procurado, o Goldman não comentou.
Na semana passada, a Cocatrel firmou um termo de compromisso com a ProNatura. Estudos de viabilidade técnica e financeira do projeto serão feitos na região de atuação da cooperativa. A expectativa é apresentar os dados aos parceiros e investidores o mais rápido possível para que os contratos sejam celebrados durante a COP29, em Baku, no Azerbaijão, disse José Rozinei da Silva, CEO da ProNatura.
No arranjo costurado pela consultoria, o Rabobank vai atuar como certificador dos créditos de carbono, por meio da sua subsidiária Acorn, conforme carta de intenções assinada em setembro. Haverá ainda a certificação das práticas regenerativas com a participação de uma multinacional, cujo nome não foi revelado.
A estrutura envolve também empresas compradoras de café, que se comprometem a pagar prêmios pelo diferencial do produto certificado. Esses adicionais vão remunerar os produtores e gerar o retorno dos investidores, disse Silva, que tem buscado parceiros na sua base, em Nova York. Redes de cafeterias estão na mira do projeto.
Estudos prévios indicaram potencial de captura de cinco toneladas de carbono por hectare, com pagamento de até US$ 150 por hectare por ano aos cafeicultores pela comercialização dos créditos vinculados a isso, disse Silva. A preservação de matas nativas e nascentes, bem como a descarbonização intrínseca das plantas de café, também serão levadas em conta.
Como técnica regenerativa, as apostas são na implantação de agroflorestas, com plantio consorciado de outras culturas com o café, adubação verde e plantas de cobertura. A renda anual “extra” por hectare pode chegar a US$ 794 por hectare, disse Silva. A ideia é gerar benefícios econômicos e climáticos e resiliência para a cultura.
“O objetivo é ter, até o fim de 2025, impacto na parte de crédito de carbono. Em meados de 2026, o produtor já terá impacto na questão regenerativa. O maior impacto financeiro é a partir do terceiro até o décimo ano”, estimou o CEO.
A Cocatrel tem 100 mil hectares plantados de café e cerca de 8,5 mil cooperados, cujas áreas são de até cinco hectares. A expectativa é atrair ao menos 60% desses produtores. O custo médio para a “transformação sustentável” dos cafezais é estimado em US$ 3 mil por hectare, por isso o potencial inicial de aporte é de US$ 200 milhões, segundo o CEO da ProNatura.
“O produtor ainda não enxerga essa questão de crédito de carbono. Ele já preserva as matas, as nascentes, e tem boas práticas, mas não vê retorno financeiro para isso. Esse projeto vai servir para mostrar que preservar e manter fazenda com recursos naturais pode gerar renda extra”, disse Thamiris Miranda, que lidera o departamento de Sustentabilidade da Cocatrel.
A amarração final idealizada para a iniciativa é que os recursos adicionais captados pelos produtores sejam reinvestidos na produção, como na contratação de apólices de seguro rural.
“O projeto vai auxiliar a baratear os custos do seguro rural, política importante para gerar outros ganhos aos produtores. A ideia é usar o dinheiro para retroalimentar o agro em ações de mitigação de risco”, disse Jônatas Pulquério, diretor do Departamento de Gestão de Risco do Ministério da Agricultura, que liderou a pauta no governo.
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