T Ó P I C O : Agrofloresta transforma o cultivo em fazenda de café em Minas Gerais
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Agrofloresta transforma o cultivo em fazenda de café em Minas Gerais
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 02/10/2024 11:24:48
Leonardo Assad Aoun comentou em: 29/09/2024 12:14
Agrofloresta transforma o cultivo em fazenda de café em Minas Gerais
Fazenda Campo Místico, em Bueno Brandão (MG) é uma referência no plantio de café sombreado
Por Maria Emília Zampieri — Vinhedo (SP)/Globo Rural
Adriane Fredi dos Santos e Valmor Santos Filho investiram na criação de uma agrofloresta — Foto: Henrique Grandi
Bastou uma visita à cidade de Bueno Brandão, no Sul de Minas Gerais, para o casal de paulistanos Adriane Fredi dos Santos e Valmor Santos Filho decidir que gostaria de criar raízes por ali. O encantamento pelo local levou à compra de uma propriedade de15 hectares, no início dos anos 2000. Mas foram o cuidado e muito trabalho que transformaram as terras adquiridas na próspera Fazenda Campo Místico, uma referência no plantio de café sombreado.
Enquanto se dedicava à reabilitação da terra recém-adquirida – até então uma área de pasto bastante degradada – e à recuperação das nascentes e matas ciliares, o casal percebeu que os pés de café plantados próximos às matas produziam grão de melhor qualidade e foi investigar os porquês. Após chegar à conclusão de que, apesar de produzir menos, os pés que estavam à sombra davam origem a grãos de maior qualidade, eles optaram por investir no método sombreado, a partir da criação de agroflorestas.
— Foto: Thiago de Jesus
O trabalho desenvolvido na Fazenda Campo Místico foi reconhecido na oitava edição do Prêmio Fazenda Sustentável, uma iniciativa da Globo Rural em parceria com o Rabobank e o Imaflora, e com patrocínio de Cargill e TIM. A fazenda ficou em terceiro lugar na categoria Pequena Propriedade.
“A lavoura cultivada à sombra, a uma altitude de 1.100 metros, como é o nosso caso, na Serra da Mantiqueira, preza pela qualidade e pelo sabor do grão, mas pode render até 30% menos do que aquelas de métodos tradicionais, a pleno sol. Por isso, complementamos a renda comas plantas leguminosas e frutíferas, como as bananeiras e goiabeiras”, conta Adriane.
O primeiro talhão de café agroflorestal foi plantado pelo casal em 2017. Hoje, são cultivados seis talhões no total. De lá para cá, o caminho foi marcado por acertos e erros, relata Valmor.
“O principal desafio foi definir o adensamento mais adequado. Aprendemos que mais sombra não significa necessariamente mais produção e menos ervas daninhas. Há uma linha tênue a ser definida, que levou entre cinco e seis anos para ser delineada. Até hoje seguimos aprimorando o manejo”, diz.
Outra aposta foi na otimização da polinização. Há dois anos, o casal instalou um meliponário, que começou com seis caixas de abelhas e hoje conta com 20. A estimativa é chegara 30 caixas ainda neste ano.
Fazenda Café Campo Místico - Bueno Brandão (MG)
De Bueno Brandão (MG), a Fazenda Café Campo Místico ficou em terceiro lugar na categoria Pequenas Propriedades do 8º Prêmio Fazenda Sustentável. Fotos: Henrique Grandi
Os microlotes de café produzido na Fazenda Campo Místico são colhidos manualmente e secados lentamente ao sol em terreiro suspenso, onde os grãos irregulares são devida-mente separados dos grãos cereja, a fim de proporcionar sabores únicos.
“Essa prática cuidadosa tem permitido que a cada ano novas notas sensoriais apareçam. Estamos contentes com a evolução da produção”, afirma Adriane. Entre as variedades cultivadas atualmente estão catuaí vermelho, mundo novo, arara, catucaí 2SL, acauã novo, aranãs e typica. As vendas são realizadas na própria fazenda e a cafeterias e empórios.
Os microlotes de café produzido na Fazenda Campo Místico são colhidos manualmente e secados lentamente ao sol em terreiro suspenso — Foto: Henrique Grandi
O casal também se dedica ao turismo rural, recebendo visitantes para conhecer a produção de café, as nascentes e o meliponário. Durante o período de colheita, cerca de 20 pessoas visitam a fazenda a cada sábado, participando de um tour pela lavoura e degustando um café colonial.
Adriane e Valmor ainda participam do projeto social Fazedores de Café, que desde 2014 reúne profissionais do setor cafeeiro dispostos a doar tempo e conhecimento para a formação de jovens em situação de vulnerabilidade social para o trabalho como baristas.
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