T Ó P I C O : Café dá energia? Especialista explica o real efeito da bebida e alerta para 'efeito rebote'
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Café dá energia? Especialista explica o real efeito da bebida e alerta para 'efeito rebote'
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 03/02/2023 10:48:57
Leonardo Assad Aoun comentou em: 03/02/2023 10:24
Café dá energia? Especialista explica o real efeito da bebida e alerta para 'efeito rebote'
Professora de universidade do Reino Unido detalha os efeitos da cafeína no corpo e explica por que a bebida não oferece energia como as pessoas pensam
Professora defende que café não dá energia, mas 'empresta' - Foto: Getty Images
Tomar um cafezinho pela manhã é o ritual de muita gente para começar o dia com disposição. A bebida é vista como fonte de energia não só para o início, mas para boa parte da rotina de quem quer se manter altivo na execução das obrigações diárias. Mas será que o café tem, de fato, esse poder enérgico?
Para Emma Beckett, professora de Ciência Alimentar e Nutrição Humana na Escola de Ciências Ambientais e da Vida da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, o café pode até dar energia aos amantes da bebida, mas não na medida que as pessoas imaginam.
Em artigo publicado no site The Conversation, Beckett explica que o principal estimulante do café é a cafeína e que “a principal maneira pela qual a cafeína funciona é alterando a maneira como as células do nosso cérebro interagem com um composto chamado adenosina”.
A adenosina integra o sistema que regula o ciclo de sono e vigília e, além disso, é parte do motivo pelo qual altos níveis de atividade levam ao cansaço. “À medida que passamos o dia e fazemos as coisas, os níveis de adenosina aumentam porque ela é liberada como um subproduto à medida que a energia é usada em nossas células”, diz a professora.
A especialista continua: “Eventualmente, a adenosina se liga ao seu receptor (partes das células que recebem sinais), que diz às células para desacelerar, fazendo-nos sentir sonolentos”.
É por esse motivo que as pessoas se sentem cansadas depois de um dia de atividades. Durante o sono, o nível de energia usada pelo corpo diminui e, com isso, caem também os níveis de adenosina à medida que ela é “embaralhada” novamente, assumindo outras formas. É por essa razão que, após uma noite de sono, as pessoas acordam pela manhã se sentindo revigoradas.
“Se você ainda estiver se sentindo sonolento ao acordar, a cafeína pode ajudar por um tempo. Funciona ligando-se ao receptor de adenosina, porque tem uma forma semelhante. Mas não é tão semelhante a ponto de desencadear o sinal de desaceleração sonolento como a adenosina faz. Em vez disso, apenas preenche pontos e impede que a adenosina se ligue lá. Isso é o que evita a sensação de sonolência”, explana Beckett.
A professora ressalta que existe um porém nessa relação. Para ela, ainda que pareça energizante, essa pequena intervenção da cafeína é mais um empréstimo da sensação de vigília do que a criação de qualquer nova energia.
“Isso ocorre porque a cafeína não se liga para sempre, e a adenosina que ela bloqueia não desaparece. Então, eventualmente, a cafeína se decompõe, solta os receptores e toda aquela adenosina que estava esperando e se acumulando se prende e a sensação de sonolência volta – às vezes de uma só vez”, afirma Beckett. “Portanto, a dívida que você tem com a cafeína sempre precisa ser paga, e a única maneira real de pagá-la é dormindo”, acrescenta.
A professora também diz que a quantidade de adenosina livre presente no corpo e a consequente sensação de sonolência afetarão em que nível a cafeína que você bebe o acorda.
Para quem toma café no final do dia, por exemplo, quando há mais sinais de sonolência, o sistema tende a se sentir mais poderoso. Mas, se for muito tarde, a cafeína pode dificultar o sono na hora de dormir, ela alerta.
“A ‘meia vida’ da cafeína (quanto tempo leva para quebrar metade dela) é de cerca de cinco horas. Dito isso, todos nós metabolizamos a cafeína de maneira diferente e, portanto, para alguns de nós, os efeitos desaparecem mais rapidamente. Bebedores regulares de café podem sentir menos um “soco” de cafeína, com tolerância ao estimulante aumentando com o tempo”, explica Beckett.
A professora ainda continua, dizendo que a cafeína também pode aumentar os níveis de cortisol, hormônio do estresse que pode fazer você se sentir mais alerta. “Isso pode significar que a cafeína parece mais eficaz no final da manhã, porque você já tem um aumento natural do cortisol ao acordar. O impacto de um café logo na cama pode não parecer tão poderoso por esse motivo”, observa Beckett.
O café com açúcar pode exacerbar a sensação de pico e queda, diz a professora, porque, embora o açúcar crie energia real no corpo, os açúcares livres na bebida podem causar um pico de açúcar no sangue, o que pode fazer com que a pessoa se sinta cansada quando a queda vier depois.
“Embora não haja nenhum dano comprovado em beber café com o estômago vazio, o café com ou após uma refeição pode afetá-lo mais lentamente. Isso ocorre porque a comida pode diminuir a taxa na qual a cafeína é absorvida”, diz Beckett.
A professora lembra que o café não é a única fonte de cafeína que pode emprestar energia. Ela cita, por exemplo, chás e bebidas energéticas que podem afetar o corpo da mesma maneira.
“Mas, como os ingredientes vêm principalmente de plantas, cada bebida com cafeína tem seu próprio perfil de compostos adicionais que podem ter seu próprio efeito estimulante ou podem interagir com a cafeína para alterar seus impactos”, diz Beckett. “A cafeína pode ser útil, mas não é mágica. Para criar energia e reenergizar nossos corpos, precisamos de comida, água e sono suficientes”, conclui.
Fonte: PEGN
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