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T Ó P I C O : HORIZONTE PREDITIVO PARA PREÇOS RECEBIDOS PELO CAFÉ VERDE

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HORIZONTE PREDITIVO PARA PREÇOS RECEBIDOS PELO CAFÉ VERDE


Autor: Celso Luis Rodrigues Vegro

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Último comentário neste tópico em: 08/02/2021 07:07:56


Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 05/02/2021 10:12

 

HORIZONTE PREDITIVO PARA PREÇOS RECEBIDOS PELO CAFÉ VERDE

 

              A safra brasileira de café 2020/21, sinaliza quebra na produção decorrente de duas condicionantes: a) elevada produtividade da safra anterior que, normalmente, exige recomposição da estrutura vegetativa da planta e b) estiagem associada a elevadas temperaturas médias no período da florada. Diante da elevação dos custos de produção e da expectativa de queda de produção, alguns cafeicultores, ademais, decidiram por implementar podas tardias de manejo, contribuindo, com essa orientação agronômica, para ainda menor produção da safra em andamento.

            O desenho do cenário futuro para a produção de café será, aparentemente, insuficiente para atender o abastecimento dos mercados interno e externo pelo menos a médio-prazo1. Tal situação pode desencadear a alavancagem das cotações nas praças formadoras dos preços para o produto (Bolsas de Nova York e de Londres). Essa hipótese necessita, entretanto, do ponto de vista científico, ser amparada em dados econômicos que a suportem.

            O Instituto de Economia Agrícola (IEA) possui acervo histórico de dados estatísticos obtidos por meio de metodologias sedimentadas por décadas de atuação no segmento, que pode ser empregado na averiguação da probabilidade de uma possível pressão sobre as cotações nos próximos meses (rally). Nesse sentido procedeu-se:

  1. período considerado: 1994 a 2020 (26 anos – a safra 2020/21 não pode ser contabilizada pois o primeiro trimestre do ano se encontrava em curso ao momento da análise);

  2. cálculo das médias de preços recebidos pelos cafeicultores paulistas no quarto trimestre do ano anterior e primeiro do seguinte;

  3. medição da variação percentual desses preços;

  4. variação positiva igual ou menor que 5% foram indicadas como preço estável devido o histórico inflacionário da economia brasileira. Preços com variação negativa foram todos considerando como preço em baixa, pois sequer acompanharam a elevação da inflação;

  5. coleta das estimativas de safra de café em São Paulo e cálculo da variação (ciclos de alta e baixa); e

  6. deslocamento da variação da série de produção em um ano para conjugar a formação dos preços com a comercialização efetiva da safra.

      A apresentação dos resultados foram plotados em gráfico de quadrantes em que no eixo horizontal foram plotadas as variações das quantidades colhidas em T+1 e no eixo vertical as variações percentuais das médias de preços dos trimestrais. A disposição dos dados pode contemplar quatro situações: safra e preços em alta (X); safra e preços em baixa (Y); safra em alta e preços em baixa (Z) e por fim safra em baixa e preços em alta (T) (Figura 1).

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FIGURA 1 – Quadrantes de dispersão das variáveis preços médios trimestrais e safras comerciais, Estado de São Paulo, 1994 a 2020

Fonte: Elaborado a partir de dados básicos do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

         Quantitativamente na série de dados considerada ocorreram cinco situações em que os preços e a safra comercial eram de alta; duas de preços e safra comercial de baixa; seis com safra de alta com preço de baixa e três com safra comercial de baixa com preços em alta. Os casos caracterizados como estável para preços (maior ou igual à variação positiva igual ou inferior a 5%) somaram 10 ocorrências, sendo seis delas em safra comercial de baixa. A existência de estoques de passagem2 em volume significativo, por hipótese, pode ter sido responsável por essas ocorrências. Por fim houve quatro de safra comercial de alta com preços maior ou igual à variação positiva igual ou inferior a 5%.


          No período considerado, pelos resultados obtidos, nas safras comerciais de ciclo de baixa com variações dos preços médios trimestrais, entre o quarto trimestre do ano e o primeiro do ano seguinte, de alta exibiram seis ocorrências. Porém, em outras igualmente seis ocasiões em que a safra era de baixa os preços ficaram estáveis. Assim, uma aposta em que cotações em alta ou estável seria a hipótese mais provável para o primeiro trimestre de 2021.

            Como os níveis de estoques no Brasil serão críticos a partir do segundo trimestre de 2021, pode-se desenhar cenário de aumento sustentado das cotações pelo menos ao longo do primeiro trimestre do ano3. Todavia, esse cenário está condicionado ao grau de controle sobre a pandemia que as distintas nações alcançarão no curto prazo.

 

1 Levantamento da CONAB de janeiro de 2021 indicou estimativa de queda de até 30% na produção de café brasileira. Disponível em: www.conab.gov.br

2 Não existe levantamento de estoques de café exclusivos para o Estado de São Paulo. Para manter a fidelidade à metodologia (utilizar apenas os dados de São Paulo) optou-se não misturar fontes, uma vez que o USDA, por exemplo, calcula por estimação os estoques brasileiros e mundiais.

3 A OIC indicou que no corrente ano cafeeiro (outubro a setembro do ano seguinte) os estoques de passagem somam 5 milhões de sacas com incremento de um milhão frente a igual período do ano anterior, portanto estabilidade frente ao consumo de 166,6 milhões de sacas. Disponível em: https://www.canalrural.com.br/sites-e-especiais/cafe-forte/cafe-superavit-safra-2020-2021/

Celso Luis Rodrigues Vegro

Eng. Agr., MS, Pesquisador Científico do IEA

celvegro@sp.gov.br

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