T Ó P I C O : Tarifaço: café solúvel do Brasil ainda sofre taxa de 50% nos EUA
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Tarifaço: café solúvel do Brasil ainda sofre taxa de 50% nos EUA
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 21/11/2025 17:15:07
Leonardo Assad Aoun comentou em: 21/11/2025 16:43
Tarifaço: café solúvel do Brasil ainda sofre taxa de 50% nos EUA
Produto não foi incluído nas duas suspensões de tarifas anunciadas pelo governo americano na última semana.
Por Paula Salati/g1
O café solúvel brasileiro ainda está sendo taxado em 50% nos Estados Unidos, informou a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) nesta sexta-feira (21).
Na quinta-feira (20), o governo americano suspendeu a tarifa adicional de 40% sobre alguns produtos brasileiros. A medida veio uma semana após os EUA retirarem a taxa de reciprocidade de 10% para cerca de 200 mercadorias de vários países.
Os anúncios beneficiaram o café em grão, mas deixaram de fora o solúvel.
"Embora celebremos a reversão das tarifas para outras categorias agrícolas, a Abics lamenta profundamente que o café solúvel brasileiro [...] tenha sido mantido na lista de produtos sujeitos à taxa adicional de 40%, que totaliza 50% quando somadas aos 10% de tarifas recíprocas que prevalecem sobre o solúvel", disse a Abics.
"Esta realidade contrasta com o progresso geral nas negociações bilaterais e representa um desafio contínuo para o setor", acrescentou.
O café solúvel representa cerca de 10% de todas as exportações da indústria brasileira de café, disse Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
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Imagem de café solúvel sendo preparado com leite. — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Segundo a Abics, as vendas de café solúvel aos EUA rendem US$ 1,1 bilhão ao Brasil.
Matos diz que o setor segue negociando para reverter a tarifa sobre o produto.
"Nós temos reunião com o MRE [Ministério das Relações Exteriores], com o chanceler [Mauro Vieira], dia 28 de novembro. Temos uma rodada de negociações com o Mdic [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços], com o Mapa [Ministério da Agricultura e Pecuária], nos dias 27 e 28. Temos esse trabalho para fazer em prol do café solúvel", disse Matos, ao g1.
"O que é importante é que as negociações estão indo bem. Quando o presidente [dos EUA, Donald] Trump cita a boa relação, na ordem executiva, é um sinal de que isso pesou também", afirmou.
Negociações entre Lula e Trump
Diferentemente da ordem executiva da semana passada, que era global, a decisão de quinta-feira (20) se aplica somente ao Brasil.
Nela, Trump cita a conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no início de outubro, e afirma que a retirada das tarifas é resultado das negociações entre os dois governos.
"Em 6 de outubro de 2025, participei de uma conversa telefônica com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas no Decreto Executivo 14323. Essas negociações estão em andamento", diz Trump no documento.
"Também recebi informações e recomendações adicionais de diversos funcionários [...] em sua opinião, certas importações agrícolas do Brasil não deveriam mais estar sujeitas à alíquota adicional [...] porque, entre outras considerações relevantes, houve progresso inicial nas negociações com o Governo do Brasil", acrescenta o presidente.
Veja alguns dos produtos que tiveram a tarifa de 40% retirada:
- café;
- carne bovina;
- açaí;
- cacau;
- banana;
- tomate;
- coco;
- castanha de caju;
- mate;
- especiarias, como pimenta, canela, baunilha, cravo e noz-moscada.
Governo brasileiro celebrou decisão
O governo do Brasil comemorou a retirada da tarifa. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está “muito feliz porque o presidente Trump começou a reduzir a taxação de alguns produtos brasileiros". "Essas coisas vão acontecer à medida que a gente conversa”, afirmou.
Lula acrescentou que seguirá buscando “diálogo e racionalidade” para eliminar as demais tarifas ainda aplicadas aos produtos brasileiros.
Para o Itamaraty, a decisão foi um avanço importante, especialmente por fazer menção às negociações com o Brasil e porque a data retroativa (13 de novembro) coincide com o dia da reunião entre Marco Rubio e Mauro Vieira.
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, afirmou que a medida é uma “excelente notícia”. Segundo ele, o Brasil volta a competir em condições equilibradas no mercado dos EUA, o que ajuda a estabilizar preços dos produtos.
Alívio para exportadores
A retirada de taxas do café e da carne, especificamente, representa um alívio para exportadores brasileiros desses produtos.
Os Estados Unidos são o principal comprador de café do Brasil e respondem por cerca de 16% de tudo o que o país exporta.
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as importações caíram pela metade entre agosto e outubro, na comparação com 2024, por causa do tarifaço.
O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, disse, na quinta, que a decisão é resultado de “um trabalho muito intenso”.
"Para nós, é um momento de celebração, um presente de Natal antecipado. Vamos concorrer com nossa sustentabilidade e competitividade em pé de igualdade, como a gente sempre quis", afirmou ao g1.
No caso da carne, os EUA eram o segundo maior comprador do produto brasileiro antes do tarifaço, importando 12% de todo o volume que o Brasil vende para o exterior.
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) comemorou a decisão do governo americano.
Segundo a entidade, "a reversão reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira."
A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) também celebrou a retirada da tarifa.
"Esta nova ordem corrige a distorção criada pelas tarifas entre o principal mercado comprador e consumidor de café, os EUA, e o principal produtor e exportador global, o Brasil."
"A partir de agora, a tendência é que seja restabelecido o fluxo normal de comércio de cafés especiais entre as nações, que vinham sendo duramente impactadas pelas distorções criadas pelas tarifas."
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