T Ó P I C O : Café e regeneração: cultivo em tempos de crise climática
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Café e regeneração: cultivo em tempos de crise climática
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 15/08/2025 16:49:12
Leonardo Assad Aoun comentou em: 15/08/2025 16:54
Café e regeneração: cultivo em tempos de crise climática
Agricultura regenerativa traz cafezais e solos mais resilientes, grãos de qualidade e redução gradativa no uso de agrotóxicos
Por: Natasha Olsen
O café é uma das culturas ameaçadas pela emergência climática. Foto: Natasha Olsen
O café é a bebida mais consumida no mundo e uma parte importante da cultura e das paixões de brasileiros e brasileiras – em nenhum outro país, a primeira refeição tem o nome de “café da manhã”. Mas, assim como outras culturas agrícolas, o café também está ameaçado pela emergência climática.
Em diversas regiões do mundo, o aumento das temperaturas, a mudança no ciclo das chuvas, eventos como secas, geadas e outros eventos climáticos já estão afetando a produtividade e a qualidade dos grãos de café. Entre as consequências está o aumento dos preços e desafios cada vez maiores para produtores rurais e para a indústria cafeeira.
Um caminho possível nesse cenário é a agricultura regenerativa, que já vem sendo adotada em diversas fazendas de café, com resultados positivos. É o caso da Fazenda Cachoeira da Grama, que fica próxima da divisa de São Paulo e Minas Gerais. A fazenda é uma das inscritas no Programa AAA da Nespresso que apoia 175 produtores de café em 18 países, com consultores em práticas regenerativas e sociais.
Grãos de café secam no pátio da fazenda Cachoeira da Grama, no interior de São Paulo. Foto: Natasha Olsen
O Brasil é o país do mundo com mais fazendas inscritas, num total de 992. A Fazenda Cachoeira da Grama é uma delas e, com o trabalho de 35 pessoas, produz café em uma área de 84 hectares, onde a agricultura regenerativa vem sendo introduzida em etapas e ocupando lotes de café gradualmente.
De acordo com Rhafael Martins Gonçalves, engenheiro agrônomo e consultor do Programa AAA da Nespresso, 7-% das emissões de CO2 nas fazendas de café vem do uso de fertilizantes sintéticos. Portanto, práticas que reduzam o uso destes agrotóxicos, contribuem para ajudar a combater as mudanças climáticas, além de garantir a saúde dos consumidores de café e das pessoas que trabalham nas fazendas.
Outra importante vantagem da substituição de insumos agrícolas sintéticos é a economia gerada para os produtores, que podem deixar de comprar fertilizantes e pesticidas. Os benefícios econômicos se estendem à valorização do café produzido – os produtores que recebem a consultoria e adotam as práticas regenerativas recebem cerca de 10% a mais por saca de café.
O café maduro pode ter diferentes colorações, como a vermelha e a amarela. Foto: Natasha Olsen
Café e regeneração: passo a passo
A implantação da agricultura regenerativa começa com o uso de plantas de cobertura. Elas mantêm o solo protegido, suas raízes garantem mais infiltração de água e sua estrutura retém a umidade na terra. As plantas de cobertura ajudam a reter nutrientes e a evitar o aparecimento de ervas daninhas. Tudo isso sem usar herbicidas ou outros recursos que ameaçam o meio ambiente e a saúde humana.
A segunda etapa da agricultura regenerativa é a avaliação das espécies usadas. No caso do café, existem duas espécies com valor comercial, a Coffea Arábica, mais valorizada pela qualidade dos grãos e mais difícil de cultivar, e a Coffea Canephora, com um sabor mais amargo e mais resistente. A troca de espécies mais sensíveis à variações climáticas ou ao ataque de possíveis “pragas” o uso de pesticidas e poupa recursos naturais, como água de irrigação e fertilizantes, já que são plantas mais rústicas.
Plantação de café com técnicas de agricultura regenerativa em Moçambique. Foto: Nespresso
Nessa etapa, além da consultoria de engenheiros agrônomos, a Nespresso entra para apoiar a escolha de novas espécies, com a preocupação no sabor e qualidade do café. “Não necessariamente todas as espécies arábicas são mais saborosas, o resultado final do cultivo depende de muitos fatores e é possível ter um café canéfora de excelente qualidade, por exemplo”, explica a especialista Tatiana Nakamura, coffee ambassador da Nespresso.
Os próximos passos são a substituição de adubos sintéticos por adubos orgânicos e o uso de controle biológico para combater possíveis pragas na plantação, caminhando sempre em direção de soluções e práticas que usem insumos oferecidos pela natureza. “É preciso começar a enxergar a fazenda como um grande ecossistema”, ensina Rhafael.
Cultivo de café no por agricultores que participam de programa de agricultura regenerativa da Nespresso. Foto: Selva Bizarria
E, como em todo o ecossistema, existe diversidade de vida, a famosa biodiversidade, além dos pés de café, as propriedades precisam ter também outras árvores. Esta é a quinta etapa da implantação da agricultura regenerativa: o plantio de espécies nativas e a garantia de que as áreas no entorno de nascentes estejam sempre preservadas. O programa da Nespresso já plantou mais de 100 mil mudas nativas no Brasil.
No mundo, desde 2014, o número de árvores plantadas em paisagens cafeeiras chega a 10 milhões, sendo 9 milhões delas dedicadas à remoção de carbono. Esses esforços contribuem diretamente para a resiliência climática e a regeneração de ecossistemas estratégicos.
Além do contribuir para a manutenção da biodiversidade nas fazendas de café, as árvores também servem como cortinas verdes que protegem a plantação dos ventos que podem prejudicar os pés de café com sua velocidade e também com o transporte de espécies nocivas de insetos, por exemplo.
Lotes de plantação de café e mata nativa na Fazenda Cachoeira da Grama. Foto: Natasha Olsen
Cadeia justa e comunidades fortalecidas
A área social também é um dos pilares do O Programa AAA. Além de agrônomos, consultores sociais acompanham as condições de vida de quem trabalha na produção de café, dentro das fazendas inscritas, o que inclui mais de 168 mil agricultores em 18 países. Destes, cerda de 41 mil têm acesso a iniciativas de resiliência financeira, como planos de aposentadoria e seguros climáticos. Até 2030, a meta é garantir que todos os pequenos agricultores da Colômbia, Guatemala e Peru, recebam o Preço de Referência de Renda Digna (LIRP).
Produção de café no Zimbábue, em uma fazenda que integra o programa de agricultura regenerativa. Foto: Nespresso
Em 2024, a Nespresso teve suas metas de redução de emissões aprovadas pela Science Based Targets initiative (SBTi), autoridade global em metas climáticas baseadas na ciência para empresas. A marca já evitou a emissão de 286 mil toneladas de CO₂eq em comparação ao cenário “business as usual” (BAU), que projetava 1,94 milhão de toneladas de CO₂eq.
Essa redução foi possível graças à aceleração da transição para a agricultura regenerativa, à inovação e renovação de produtos, sistemas e mercados, e à otimização de energia e logística.
Economia circular e reciclagem
Além da produção de café, a Nespresso tem como meta reduzir o impacto ambiental gerado pelo uso de cápsulas, que se transformam em resíduos. A empresa afirma que tem a capacidade de reciclar 100% das cápsulas que produz, mas hoje este índice está em 35% de reciclagem no mundo e 25% no Brasil. A meta global é atingir 60% até 2030.
Foto: Divulgação | Nespresso
Um dos caminhos para isso é aumentar a participação dos consumidores neste processo. Por isso, a Nespresso mantém um programa de coleta que recebe cápsulas usadas da marca e de concorrentes em todas as suas lojas, além de pontos de descarte em mais de 400 locais do Brasil. Outra opção é o envio, sem nenhum custo, em qualquer agência dos correios. Clientes comerciais, que compram e descartam grandes quantidades de cápsulas têm um programa especial de coleta.
Outra iniciativa de circularidade é a venda das máquinas RELOVE (reformadas) em 21 mercados, a ação dá uma segunda vida às máquinas Nespresso por meio de recondicionamento profissional, reduzindo o desperdício e o consumo de recursos, além de tornar escolhas sustentáveis mais acessíveis aos consumidores.
Fonte: Ciclo Vivo
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