Leonardo Assad Aoun comentou em: 27/07/2025 21:43

Temperatura em queda preocupa produtores de café no Brasil

Frio moderado também pode comprometer o desenvolvimento dos cafezais e até mesmo a rentabilidade da safra

Por Marina Fávaro/Rede Globo

Foto: EPTV

Com a queda das temperaturas, cresce a preocupação de cafeicultores em diversas regiões do Brasil. O frio intenso, especialmente quando há ocorrência de geadas, pode provocar sérios danos às lavouras, comprometendo desde o desenvolvimento das plantas até a rentabilidade da safra.

A geada se forma quando a temperatura do ar atinge ou cai abaixo de 0 °C, criando cristais de gelo sobre folhas, ramos e frutos. Esse congelamento causa a morte dos tecidos vegetais e pode levar à perda total da produção. Os danos mais severos costumam ocorrer nas áreas mais baixas das propriedades, conhecidas como “baixadas”, que são mais suscetíveis à concentração de ar frio.

Mas o perigo não está apenas nas geadas severas. Mesmo o frio moderado já representa ameaça: temperaturas baixas reduzem o metabolismo da planta, atrasam a floração, prejudicam o crescimento dos frutos e aumentam a suscetibilidade do cafeeiro a pragas e doenças.

Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Procafé Marcelo Jordão Filho, “uma friagem excessiva pode resultar em uma lavoura menos produtiva, já que o frio compromete principalmente o desenvolvimento dos botões florais”. São justamente esses botões que originam as flores e, posteriormente, os frutos do café.

Embora o inverno ainda esteja em andamento, o pesquisador destaca que o período mais crítico costuma ser o início da estação. “O frio que chega de forma precoce, entre maio e junho, é o mais preocupante, pois as gemas florais ainda estão em processo de definição”, explica. Se houver menos gemas florais, a lavoura tende a produzir menos flores e, portanto, menos frutos.

PREVENÇÃO

Entre as estratégias para lidar com o clima, a escolha de variedades mais resistentes se destaca. De acordo com Jordão Filho, cultivares precoces cultivadas em regiões naturalmente frias tendem a se adaptar melhor. “A precocidade está relacionada tanto à antecipação da colheita quanto ao início mais cedo do ciclo reprodutivo, o que permite à planta escapar dos períodos mais rigorosos de frio”, afirma.

Além da escolha das cultivares, há práticas de manejo que ajudam a reduzir os impactos do frio. Uma delas é passar uma grade nas entrelinhas dos cafezais, removendo o mato e deixando o solo mais exposto à insolação. Com isso, a terra absorve mais calor durante o dia e o libera à noite, funcionando como um “aquecedor natural” para as plantas.

Para os produtores que utilizam irrigação, por gotejamento ou aspersão, a recomendação é suspender o sistema de 5 a 7 dias antes da data prevista de geada. Outra medida eficaz, especialmente no pós-plantio, é enterrar parcialmente as mudas. Essa prática protege as plantas jovens da friagem sem comprometer o desenvolvimento.

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