T Ó P I C O : Pesquisa confirma viabilidade do cultivo de café canéfora sem irrigação no Vale do Juruá, Acre
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Pesquisa confirma viabilidade do cultivo de café canéfora sem irrigação no Vale do Juruá, Acre
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 01/07/2025 18:49:59
Leonardo Assad Aoun comentou em: 01/07/2025 18:30
Pesquisa confirma viabilidade do cultivo de café canéfora sem irrigação no Vale do Juruá, Acre
Estudo conjunto revela potencial para produção sustentável na região
Uma pesquisa realizada no Acre demonstrou que é possível cultivar cafés da espécie Coffea canephora (clonais) no Vale do Juruá sem a necessidade de irrigação, aproveitando as condições naturais de solo e clima locais. O estudo foi conduzido pela Embrapa Café em parceria com a Embrapa Acre, Universidade Federal do Acre (UFAC), Instituto Federal do Acre, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre. Os resultados foram publicados recentemente no documento “Cultivo de cafeeiros clonais em condições de sequeiro no Vale do Juruá, Acre”.
Variedades clonais impulsionam a cafeicultura amazônica
Segundo o chefe-geral da Embrapa Café, Antonio Fernando Guerra, as variedades clonais são o principal motor da revolução da cafeicultura na Amazônia nos últimos 15 anos. Ele destaca que o Norte do Brasil vem ganhando destaque na produção de café canéfora graças ao uso de tecnologias modernas, especialmente cultivares clonais superiores desenvolvidas para as condições locais de solo e clima, principalmente em Rondônia. Essa expansão tem garantido retorno econômico e bem-estar social às famílias da região, com foco na sustentabilidade.
Testes realizados no Vale do Juruá apresentam resultados promissores
O pesquisador Marcelo Curitiba Espindula, da Embrapa Café, explica que o sucesso da cafeicultura em Rondônia motivou a experimentação dos clones no Acre. O cultivo foi implantado em 2017 na Fazenda Experimental da UFAC – Campus Floresta, onde dez clones híbridos desenvolvidos pela Embrapa para a Amazônia foram avaliados.
Entre 2019 e 2022, foram realizadas quatro colheitas que registraram uma média geral de 77 sacas por hectare. Alguns clones superaram a marca de 100 sacas por hectare em todas as colheitas. Espindula ressalta que é esperado que a produtividade diminua ao longo do ciclo de dez safras. Os clones que mais se destacaram na região foram BRS 2336, BRS 3210, BRS 1216, BRS 3137 e BRS 3213.
Diversidade genética e características adicionais influenciam escolha das cultivares
O pesquisador alerta que a produtividade não deve ser o único critério para seleção das cultivares. É fundamental considerar o porte da planta, especialmente se a colheita for mecanizada, além da resistência a pragas e doenças e o ciclo de maturação dos frutos.
Ele lembra ainda que estudos realizados ao longo de mais de 40 anos indicam a importância de não restringir o plantio a poucos clones comerciais. Essa recomendação baseia-se na necessidade de polinização cruzada, sincronia de florescimento e estabilidade na produção, além da segurança fitossanitária. Plantios com baixa diversidade genética correm maiores riscos de danos causados por pragas e doenças.
Cultivo em condições de sequeiro é alternativa para áreas remotas
O estudo destacou que o cultivo de café clonal sem irrigação pode ser uma solução viável para agricultores de áreas distantes dos centros urbanos, com difícil acesso e baixa disponibilidade de energia elétrica para sistemas de irrigação. Além disso, o custo elevado de equipamentos irrigadores, devido à distância dos centros produtores no Centro-Sul do Brasil, dificulta a implantação da irrigação nessas regiões.
Irrigação permanece importante para áreas de fácil acesso
Apesar da viabilidade do cultivo em sequeiro, os pesquisadores recomendam que a irrigação não seja descartada em localidades com melhor infraestrutura. O uso da irrigação minimiza riscos climáticos, aumenta a eficiência na aplicação de insumos e fertilizantes, e contribui para a elevação da produtividade das lavouras.
Em resumo, a pesquisa reforça o potencial do Vale do Juruá para a produção de café canéfora de forma sustentável, especialmente em áreas remotas, destacando a importância da diversidade genética e do manejo adequado para garantir resultados econômicos e ambientais positivos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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