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T Ó P I C O : Santa Catarina aposta no café especial para resgatar uma tradição esquecida

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Santa Catarina aposta no café especial para resgatar uma tradição esquecida


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 18/06/2025 12:13:27


Leonardo Assad Aoun comentou em: 18/06/2025 11:56

 

Santa Catarina aposta no café especial para resgatar uma tradição esquecida

 

Com vocação histórica e condições ideais de cultivo, Estado inicia um novo ciclo produtivo que une agricultura familiar, turismo e inovação

Santa Catarina aposta no café especial para resgatar uma tradição esquecida

Além de movimentar a economia local e promover o turismo rural, o café especial também ganha pontos na saúde – Foto: Divulgação

Tomar café pode parecer apenas um ritual matinal, mas em Santa Catarina ele começa a ganhar novos significados. Com um mercado em expansão e consumidores cada vez mais exigentes, o café especial se consolida como um alimento valorizado, que envolve história, afeto e oportunidade de renda.

A cena é comum: o grão é moído na hora, o filtro escaldado, a água medida com precisão. Mas o que antes era um simples hábito, agora movimenta negócios, forma profissionais e começa a reativar uma cadeia produtiva com raízes antigas no estado.

Essa valorização não é à toa. O café especial exige grãos selecionados, frutos maduros e um processo rigoroso de produção e torrefação. O resultado é uma bebida com sabor mais leve, menos amargor e acidez reduzida.

Por isso, tornou-se essencial em estabelecimentos que trabalham com alimentos artesanais, como padarias de fermentação natural e cafeterias autorais. Em Florianópolis, algumas casas chegam a oferecer até 17 variações da bebida, incluindo versões geladas, sempre com foco na qualidade e na origem do produto.

Torrefações, escolas e um novo olhar para o consumo

O interesse pelo café especial trouxe também uma mudança na forma como ele é servido e compreendido. Se antes a bebida era tratada como um simples acompanhamento em restaurantes, hoje ela ganha protagonismo. Isso impulsiona a busca por fornecedores qualificados, rastreabilidade e preparo cuidadoso.

“Espaços que cuidam dos pães, que cuidam do prato de comida, também estão servindo um café de qualidade”, diz Rashid Yasin, que trabalha há 15 anos com café e atua como consultor na área.

Essa virada de chave levou à formação de profissionais. Em Florianópolis, foi criada a primeira escola de cafés especiais do país reconhecida pela Associação Brasileira da categoria. O local já formou mais de 5 mil baristas e se tornou referência na educação de quem consome, serve ou produz café. A escola também é símbolo de um novo olhar: mais do que uma bebida, o café é visto como elemento central da experiência gastronômica e da consciência alimentar.

Produção própria ainda é desafio, mas o cenário está mudando

Apesar do avanço no consumo e na qualificação profissional, o grão que abastece as torrefações catarinenses ainda vem de fora. Hoje, 100% do café especial torrado no estado é produzido em outras regiões do Brasil. Mas esse cenário começa a mudar.

Em Corupá, no Vale do Itapocu, famílias que tradicionalmente cultivavam banana decidiram investir em café. O cultivo sombreado, feito em consórcio com bananeiras, favorece a qualidade do grão e retoma práticas agrícolas com forte apelo histórico.

Esse resgate é acompanhado por pesquisas técnicas. Há pelo menos dez anos, o engenheiro agrônomo Fernando Bisso desenvolve estudos no Instituto Federal Catarinense (IFC) de Araquari, testando cultivares que se adaptam ao clima e ao solo.

Os resultados indicam potencial para a produção de cafés especiais em menor escala, mas com alto valor agregado. “Nos últimos 50 anos, depois da redução da cafeicultura no estado, ela permaneceu latente nas propriedades”, conta.

A Epagri, em parceria com o IFC, já mapeou áreas com aptidão para o cultivo, especialmente na faixa litorânea. A proposta não é competir com grandes produtores de café commodity, mas criar nichos voltados à agricultura familiar, onde o cuidado e a rastreabilidade fazem toda a diferença.

Heranças afetivas e novas gerações de produtores

Na prática, o que se vê são famílias reinventando o próprio passado. Em Rodeio, no Vale do Itajaí, a família Tambosi retomou o cultivo iniciado por seus antepassados e alcançou, em 2022, a classificação como café especial. Com apoio técnico e dedicação, eles modernizaram o processo de secagem, criaram um memorial para contar a história do café na propriedade e abriram as portas para o turismo. O café especial virou motivo de orgulho, conexão entre gerações e oportunidade de renda local.

Enquanto isso, em outras regiões, experiências como a da “torradeira coletiva” mostram como o modelo colaborativo também pode impulsionar o setor. Compartilhando uma estrutura climatizada e equipamentos de ponta, torrefadores conseguem manter a qualidade sem arcar sozinhos com os altos custos de produção. Um dos participantes do espaço destaca: há mais torrefações per capita em Florianópolis do que em São Paulo, reflexo do interesse crescente pelo grão.

Café que faz bem para o corpo, o paladar e a economia

Ao unir inovação, tradição, agricultura familiar e qualidade de vida, Santa Catarina começa a escrever um novo capítulo da sua história com o café – Foto: Divulgação

Ao unir inovação, tradição, agricultura familiar e qualidade de vida, Santa Catarina começa a escrever um novo capítulo da sua história com o café – Foto: Divulgação

Além de movimentar a economia local e promover o turismo rural, sabia que o café especial também ganha pontos na saúde? Por ser torrado de forma mais clara e cuidadosa, ele provoca menos desconforto gástrico e pode ser aliado da memória, do foco e da disposição. O preparo artesanal, aliado à qualidade dos grãos, transforma o café em uma bebida funcional, afetiva e cheia de possibilidades.

Ao unir inovação, tradição, agricultura familiar e qualidade de vida, Santa Catarina começa a escrever um novo capítulo da sua história com o café. Não se trata apenas de plantar, colher e moer – é sobre reconhecer a vocação de um território, valorizar saberes antigos e adaptá-los aos novos tempos, com inteligência e propósito.

E se você ficou com vontade de saber mais sobre a plantação de café no estado, aproveite e assista na íntegra ao episódio do programa Agro, Saúde e Cooperação. O projeto, desenvolvido pelo Grupo ND, tem parceria com a Ocesc, Aurora, SindArroz Santa Catarina, Sicoob e ADS Drones.

Fonte: ND Mais

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