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T Ó P I C O : Exportações de café do Brasil devem desacelerar em 2025

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Exportações de café do Brasil devem desacelerar em 2025


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 30/10/2024 16:02:54


Leonardo Assad Aoun comentou em: 30/10/2024 16:14

 

Exportações de café do Brasil devem desacelerar em 2025

 

Segundo o Rabobank, projeção é creditada a problemas com a safra e a questões geopolíticas

Por Isadora Camargo — São Paulo/Globo Rural

Embarques podem recuar 7,2% no próximo ano

Embarques podem recuar 7,2% no próximo ano — Foto: Globo Rural

Apesar de o Brasil protagonizar números recordes de exportações nos últimos dois anos, o clima atrapalhou a evolução das safras que, desde 2021, não conseguiram alcançar uma padronização de qualidade. O fato é um entre outros componentes agrícolas e geopolíticos que determinam uma previsão menor das exportações de café brasileiro a partir do ano que vem, na opinião do banco holandês Rabobank.

O país deve desacelerar os embarques a partir do primeiro semestre de 2025, com 45 milhões de sacas de 60 kg enviadas para fora, um recuo de 3,4 milhões de sacas em relação às previsões para o encerramento deste ano, de 48,4 milhões de sacas, conforme dados do Rabobank.

Caso se confirmem, os números representarão um recuo de 7,2%. “A redução da estimativa é pautada pela frustração da safra que está se desenvolvendo esse ano e pela pressão da oferta global”, explica o analista do banco Guilherme Morya.

No entanto, o especialista acrescenta que a desaceleração das exportações não deve se iniciar no fim deste ano, pois nos últimos meses houve um aumento do interesse de torrefadoras europeias em antecipar as compras do grão brasileiro devido à previsão de vigência da lei antidesmatamento, até agora datada para 30 de dezembro.

Além disso, a oferta menor do Vietnã, maior produtor de robusta do mundo, impulsionou o aumento de embarque de conilon brasileiro para suprir a demanda global, número que já está calculado em 7 milhões de sacas exportadas até setembro e deve chegar a 9 milhões de sacas até o encerramento de 2024, de acordo com as estimativas do Rabobank.

Morya reforça que há problemas logísticos nos portos brasileiros e que estão no radar das tradings, dos exportadores, importadores e do produtor. As dificuldades de cumprir os horários do atracamento e carregamento de navios, entre outros problemas, fizeram com que 2 milhões de sacas de café não fossem embarcadas em setembro, conforme apurou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Teto dos preços

Guilherme Morya indica que a melhora do clima nos parques cafeeiros do Brasil, com a chegada das chuvas nas últimas semanas e previsão de continuidade dos índices pluviométricos nos próximos 15 dias, é um componente que pressiona os preços do grão (arábica e robusta) nas bolsas de Nova York e Londres.

Outro fator é a lei antidesmate - a qual o segmento já espera pela postergação da diretriz da União Europeia -, que acabou forçando torrefadoras da Europa a anteciparem as importações e, por isso, tenderem a diminuir as compras nos dois últimos meses deste ano.

“A melhora no clima do Brasil e no Vietnã colocaram teto nos preços do café, e o componente EUDR ajudou na queda dos preços. O mercado não tem motivação para construir estoque de café, o que limita os movimentos”, detalha Morya.

A estimativa do banco é que o café arábica oscile entre US$ 2,20 e US$ 2,45 a libra-peso no primeiro semestre do ano que vem.

Como força contrária, Morya aposta na permanência de fundamentos altistas a longo prazo devido à composição de estoques globais, conflitos no Oriente Médio e a própria EUDR.

“Há déficit global de 1,6 milhão de sacas de 2023/24, aperto que segue pelo quarto ano consecutivo no estoque global. Além disso, a oferta de robusta, os conflitos no Mar Vermelho, atrapalhando o fluxo de transporte dos grãos, e as incertezas sobre os volumes das safras brasileira e vietnamita no próximo ano, sustentam a alta dos preços”, avalia.

No segundo semestre de 2025, a adequação à regulamentação europeia pode fazer com que os clientes europeus repitam o movimento de antecipação das importações, influenciando na volatilidade das cotações.

Demanda

café conilon brasileiro ganhou gás este ano e o movimento deve continuar em 2025, em especial, justificado pelo déficit de produção nos principais produtores globais do grão robusta, Vietnã e Indonésia.

O robusta asiático é como uma variedade ‘irmã’ do conilon brasileiro, o que possibilita que o Brasil abocanhe maiores fatias de mercado internacional, mesmo com as lavouras de café estando prejudicadas pela seca e altas temperaturas em grande parte do Espírito Santo, Estado que mais produz conilon no país.

Clientes globais, em especial em 2024, abriram as portas para o conilon brasileiro e a tendência é que as exportações desse grão continuem, segundo previsões do Rabobank. Para o analista de café da instituição, Guilherme Morya, o Vietnã deve chegar a uma produção de 28 milhões de sacas na safra 2024/25 - que começará a ser colhido em novembro -, um recuo de ao menos 2 milhões de sacas em relação ao ciclo anterior (2023/24).

O número, se confirmado, pressionará a oferta global, mas não é o pior resultado do Vietnã, lembra Morya.

Para ele, o Brasil deve manter a participação de mercado nas negociações do conilon, porque as chances de recuperação da safra vietnamita para o próximo ano são pequenas, com potencial de volumes de produção continuarem estáticos.

“Os fatores também favorecem o mercado doméstico do conilon do Brasil, porque os preços aumentam nas [corretoras locais]. Estamos em um momento de transição: antes, usava-se muito conilon no blend de café [nacional]. Atualmente, só cerca de 20% do consumo doméstico é conilon”, pondera Morya.

Com o preço equiparado ou, em algumas situações, maior que o de café arábica, muitas torrefações nacionais passam a comprar maior volume de arábica, “liberando mais conilon ao mercado exportador”.

Em relação aos spreads de preços entre as duas variedades, Morya explica que não espera uma distância tão acentuada entre os tipos de café, estimulando a indústria brasileira a adquirir mais arábica.

Morya cita, ainda, que a oferta de conilon mundial deve se manter mais “estática”, com uma leve recuperação da safra da Indonésia e com a produção de conilon do Brasil despontando mais um ano.

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