Leonardo Assad Aoun comentou em: 22/10/2024 13:18

QUAL SERÁ O FUTURO DOS PREÇOS DO ROBUSTA? - POR CARLOS H. J. BRANDO

São muitas as respostas para a pergunta acima mas, será o crescimento atual do consumo durável e continuará a produção aumentando? Se ambos, em que proporção?

A demanda está crescendo devido à entrada de novos consumidores, que antes tomavam chá, no mercado asiático e à necessidade de tornar os preços dos blends de café mais acessíveis em todo lugar como resultado dos preços altos do Arábica.

Além disso, os avanços no processamento de Robusta em vários países permitem que sua participação aumente na maioria dos blends. Há muitos comentários sobre os Robustas especiais mas na verdade a demanda por 100% deles está apenas começando a se desenvolver. Por outro lado, os esforços para reposicionar o café solúvel, liderado pela indústria brasileira de café solúvel, podem retardar ou evitar a migração do solúvel e do Robusta para o Arábica.

A analogia entre os tipos de café e o boneco de neve, que tenho usado por muitos anos apesar do café ser primordialmente uma bebida quente, faz mais sentido agora que o “cold brew” está crescendo muito nos Estados Unidos! Voltando ao assunto, o Robusta, que é mais associado a cafés comerciais – T&M e solúvel –, está subindo da primeira para a segunda onda dos cafés diferenciados servidos nas cafeterias e até mesmo começando a entrar na terceira e quarta ondas onde os cafés especiais dominam.

O que chamo de “blends mundiais”, ex.: os blends das cápsulas mais vendidas e das redes de cafeterias líderes, podem ter uma participação relevante dos Robustas, que podem estar crescendo pelas razões mencionadas acima. Os Robustas especiais também podem ser vendidos como micro lotes mas ainda são poucos os casos reais.

O cenário acima é atraente para os produtores de Robusta e não deve mudar a curto prazo considerando que a produção de Arábica não está crescendo muito. Exceto no Brasil e em Uganda, também há pouco crescimento na produção de Robusta, que está começando a se desenvolver na América Latina ex-Brasil mas ainda de maneira incipiente. Por outro lado, a produção está estável ou diminuindo no Vietnã e não está aumentando em outros lugares. Portanto não surpreende que o indicador brasileiro de preços do café do Cepea mostrou o Conilon acima do Arábica no mês inteiro de setembro.

A logística também não está ajudando o abastecimento da Europa com café Robusta vindo da Uganda e do Vietnã devido aos problemas no Mar Vermelho. Esta situação pode mudar a qualquer momento mas a questão é quando.

A última peça do quebra-cabeça é que, considerando que custa menos produzir Robusta do que Arábica, seria este o momento para um aumento de produção considerável de Robustas ex-Brasil e Uganda e para o crescimento continuado nestes dois países? Esta pode ser uma tendência a médio prazo – leva tempo para aumentar a produção – mesmo se os preços do Robusta caírem deste alto nível atual mas permanecerem rentáveis para os produtores. O tamanho desta expansão e os preços do Arábica podem então dizer o que acontecerá com os preços do Robusta.

Maiores informações sobre Robustas podem ser encontradas nos artigos prévios da sessão “Opinião”:
Cresce a produção e o consumo de Robusta no mundo – maio de 2022
https://www.peaconsult.com.br/imgs/pa_coffidential_178__versao_portugues.pdf
Vietnã, Indonésia e Índia: maravilhas econômicas e café Robusta – outubro de 2022
https://www.peaconsult.com.br/imgs/pa_coffidential_183__versao_portugues.pdf

MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O ASSUNTO NA QUINTA E SEXTA FEIRAS NO 9° CONCAFÉ EM CACOAL, RO.

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