Leonardo Assad Aoun comentou em: 11/07/2024 12:16

O fim do café brasileiro? Mudanças climáticas ameaçam a produção e seu preço!

Por Ingrid/Monitor do Mercado

Na atualidade, a cafeicultura brasileira, que é uma das principais fontes de renda agrícola do país, enfrenta sérios desafios devido às mudanças climáticas. Estudos recentes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) apontam que a produção de café pode sofrer um declínio significativo nas próximas décadas devido a alterações no clima, como o aumento das temperaturas e alterações nos padrões de chuva.

Durante a última década, eventos climáticos extremos, incluindo secas severas e geadas raras, já impactaram negativamente a produtividade dos cafezais. A pesquisa da Unesp, utilizando cenários projetados pelo IPCC, sugere que as áreas cultiváveis de café no Brasil podem reduzir em até 50%. Essas mudanças notórias preocupam tanto os produtores quanto os consumidores, que poderão perceber o aumento nos preços da bebida.

Como o aumento da temperatura afeta os cafezais?

O café arábica, que é a segunda espécie mais cultivada no Brasil, mostra-se particularmente susceptível aos efeitos do aquecimento global. Com o aumento da temperatura média, a faixa ideal para o cultivo deste tipo de café, que consiste numa temperatura do ar entre 18 e 23°C, tornar-se-á menos frequente, reduzindo assim as áreas aptas para sua produção. De acordo com a pesquisa, o percentual de áreas ideais pode cair de 8,7% para apenas 5,4% ou até menos, dependendo da gravidade das mudanças climáticas.

Quais são as consequências da alteração climática para os cafeicultores?

Além da redução das áreas de cultivo, as alterações climáticas podem afetar a qualidade dos grãos. O café é sensível à falta de água e ao calor excessivo, fatores que podem causar o chochamento dos grãos – um fenômeno onde eles se desenvolvem de forma incompleta. Luiz Eduardo de Bovi, produtor na Fazenda 7 Senhoras, relata que já percebe uma diminuição no tamanho dos grãos e um declínio na proporção de café de alta qualidade, que antes predominava em sua produção.

Existem soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas na cafeicultura?

A busca por soluções é urgente. Raidel Miranda, da Comissão Nacional do Café, aponta que uma das respostas poderia ser a realocação das áreas de cultivo para regiões mais aptas. Entretanto, essa medida apenas paliativa não basta. É essencial investir em pesquisa e biotecnologia. Por exemplo, a técnica de estresse hídrico desenvolvida pela Embrapa consiste em interromper a irrigação durante o período seco, o que pode aumentar a produção de cafés especiais sem comprometer a necessidade de água.

Mudanças climáticas ameaçam o futuro do café, mas pesquisa e biotecnologia trazem esperança. Realocar lavouras, investir em variedades resistentes e reduzir emissões de gases são medidas cruciais para um café resiliente e sustentável. O futuro do café depende de ações globais agora!

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