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T Ó P I C O : Prevenção ao novo coronavírus altera rotina das lavouras de café do Sul de Minas

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Prevenção ao novo coronavírus altera rotina das lavouras de café do Sul de Minas


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 07/08/2020 11:12:56


Leonardo Assad Aoun comentou em: 07/08/2020 11:10

 

Prevenção ao novo coronavírus altera rotina das lavouras de café do Sul de Minas

 

Orientações de não contratar pessoas de outras regiões e o uso de máscara e álcool gel estão entre as principais mudanças

Por Jonatam Marinho/G1

Prevenção ao novo coronavírus altera rotina das lavouras de café do Sul de Minas
Foto: Arquivo Pessoal / Marcos Kim

A pandemia causada pelo novo coronavírus mudou a rotina da colheita do café em 2020. Nas lavouras, os trabalhadores têm que evitar aglomerações, usar máscaras, álcool gel e lavar as mãos constantemente durante o trabalho. Ainda existem as recomendações de dar preferência à mão de obra local e evitar a contratação de migrantes para colher café.

Em São Tomé das Letras (MG), uma propriedade de 340 hectares de café mudou a rotina dos trabalhadores e implantou medidas preventivas à Covid 19. Segundo o gestor da fazenda, Marcos Kim, os cuidados com o coronavírus começaram quando o Brasil ainda não se preocupava com a doença.

“Em janeiro fui à Coreia do Sul visitar alguns clientes. Lá as pessoas já estavam de máscara e preocupadas com a Covid. Os sul-coreanos já tinham o hábito de usar máscara e álcool gel. Quando voltamos para o Brasil também usamos máscaras. Em abril, nós começamos a orientar verbalmente nossos 36 funcionários fixos a lavar a mão com álcool gel e a usar máscara antes que o governo obrigasse o uso”, contou.

Prevenção ao novo coranavírus altera rotina das lavouras de café do Sul de Minas — Foto: Arquivo pessoal / Marcos Kim
Prevenção ao novo coranavírus altera rotina das lavouras de café do Sul de Minas — Foto: Arquivo pessoal / Marcos Kim

Em maio, quando foram contratados 40 safristas para a colheita de mão, foi realizada uma reunião. “Eles foram orientados sobre os problemas e consequências do Covid 19 e também o que a gente deveria fazer não só na fazenda, mas dentro da casa de cada um. Nós criamos um programa de cuidados e passamos para eles. A cada 15 dias fazíamos uma reunião com todos para notificar o aumento dos infectados e mortos de outras cidades porque a doença não tinha chegado aqui”, explicou.

Marcos comemora porque garante que conseguiu cumprir seu objetivo de conscientizar a todos. “Até nos ônibus nossos colaboradores tinham que usar máscaras e fazer medição da temperatura antes de entrar para seguir ao trabalho. Não tivemos nenhum caso confirmado. A colheita acabou e os temporários se foram. Mesmo assim, nossos funcionários fixos continuam na fazenda com o programa de prevenção”, garantiu.

A fazenda tem sua mão de obra locada em São Bento Abade (MG), cidade vizinha a São Tomé da Letras. Porém, em outras cidades, muitas propriedades precisam contratar mão de obra de outras regiões do estado ou até mesmo do país.

Unidades móveis foram instaladas na propriedade para que trabalhadores lavem as mãos. — Foto: Arquivo Pessoal / Marcos Kim
Unidades móveis foram instaladas na propriedade para que trabalhadores lavem as mãos. — Foto: Arquivo Pessoal / Marcos Kim

Esse é o caso de Conceição da Aparecida (MG) que tem grande parte de suas lavouras em locais inclinados onde a colheita mecanizada é limitada. Segundo Ornelas Borba que é presidente do Sindicato Rural, a colheita de café ocorreu normalmente no município.

Ele ressalta que o uso crescente das derriçadeiras manuais, as populares mãozinhas, têm diminuído o número de trabalhadores nas lavouras e também o tempo de colheita. “Tudo tem ficado mais rápido”, disse.

Outro ponto ressaltado por ele é o cuidado com os trabalhadores que vieram de outras cidades. “O apanhador que vinha de fora era aconselhado a não frequentar a área urbana para evitar o contato com as pessoas daqui. Uma obrigação do responsável da fazenda é comprar tudo que eles precisassem”, explicou Ornelas.

O gestor Marcos Kim e o resultado de uma safra livre de coronavírus. — Foto: Arquivo Pessoal / Marcos Kim
O gestor Marcos Kim e o resultado de uma safra livre de coronavírus. — Foto: Arquivo Pessoal / Marcos Kim

Orientações

 

Algumas prefeituras, cooperativas, associações e entidades ligadas à cafeicultura já publicaram notas informativas e cartilhas orientando os produtores rurais de como proceder em tempos de pandemia. Um exemplo do trabalho dos órgãos governamentais é a cartilha da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater – MG), que orienta os cafeicultores desde o momento da contratação da mão de obra e do transporte dos trabalhadores até as ações para prevenção ao Covid no dia a dia da colheita, sempre reforçando a necessidade da higienização do local de trabalho e alojamento.

Outro exemplo de orientação por parte de entidades do setor cafeeiro é o da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé). A maior cooperativa do setor orientou seus 15 mil cooperados a criar hábitos preventivos contra a Covid 19.

“Os cuidados envolvem todos os processos da safra incluindo refeitórios, transportes e alojamentos. Também a presença de menor número de colhedores de café nos talhões para evitar aglomeração no campo. São medidas que aumentarão o período de safra se comparado ao tempo sem pandemia, levando a época de colheita até o mês de setembro”, explicou o presidente Carlos Augusto Rodrigues de Melo.

Trabalhadores passam a usar máscara enquanto trabalham na lavoura de café. — Foto: Arquivo Pessoal / Marcos Kim
Trabalhadores passam a usar máscara enquanto trabalham na lavoura de café. — Foto: Arquivo Pessoal / Marcos Kim

Uma recomendação comum a várias prefeituras é a de priorizar mão de obra local. Algumas cidades do Sul de Minas fizeram recomendações sobre a colheita do café como Cabo Verde (MG), Nova Resende (MG), Campos Gerais (MG) e Três Pontas (MG).

As sugestões seguem orientações de órgãos de saúde e orientam a não contratar ninguém dos grupos de risco e que os trabalhadores passem por avaliação médica, portem equipamentos de segurança individuais e mantenham a higienização constante dos objetos pessoas de trabalho.

Números

A época de colheita do café costuma ocorrer de maio a agosto com duração média de dois meses. Segundo a Conab, o Brasil deverá colher em 2020, mais de 43 milhões de sacas de café arábica. Em relação à safra de 2019, esse valor representa um aumento que chega a 34%.

A companhia estipula que Minas Gerais colherá 32 milhões de sacas produzidas, sendo 17 milhões só no Sul de Minas.

Trabalhador usa máscara enquanto derriça café com uma "maquininha" — Foto: Arquivo Pessoal / Marcos Kim
Trabalhador usa máscara enquanto derriça café com uma "maquininha" — Foto: Arquivo Pessoal / Marcos Kim

A pandemia alterou apenas a rotina de trabalho e aumentou o tempo de colheita. Porém, com o uso de derriçadeiras manuais (maquininhas) que agilizam o tempo de colheita e a bienalidade positiva, os números de 2020 prometem ser promissores.

Essa é a aposta do presidente do Centro de Comércio do Café de Minas Gerais (CCCMG), Archimedes Coli Neto. “A expectativa é uma safra muito boa. Tanto de volume quanto de qualidade. Eu acho que ela vai surpreender para cima. Os números serão superiores aos da Conab. É um ano de safra cheia e com boa qualidade”, aposta.

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