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T Ó P I C O : Contenda Sino-Americana: e o café com isso?

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Contenda Sino-Americana: e o café com isso?


Autor: Leonardo Assad Aoun

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2 comentários

Último comentário neste tópico em: 27/05/2019 11:52:45


Leonardo Assad Aoun comentou em: 24/05/2019 21:01

 

Contenda Sino-Americana: e o café com isso?

 

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Sergio Parreiras Pereira comentou em: 27/05/2019 07:35

 

Contenda Sino-Americana: e o café com isso?

 

Contenda Sino-Americana: e o café com isso?

 

Em 10/05/2019, o controverso presidente dos EUA acionou unilateralmente e fora das regras da OMC nova fase da disputa comercial com a China, elevando para 25% as alíquotas de importação sobre itens que montam US$200 bilhões em aquisições americanas. De forma mais cautelosa, porque tem mais a perder, houve retaliação por parte da autoridade chinesa, estabelecendo novas alíquotas tributárias escalonadas para cerca de US$60 bilhões de suas importações provindas dos EUA1. A elevação tarifária de ambos contendedores acrescenta piora no cenário macroeconômico global, reduz as estimativas de crescimento do PIB chinês, promove possível aumento da inflação nos EUA (o que não é das melhores políticas para quem almeja a reeleição) e incrementa a procura por parte dos investidores de ativos defensivos como ouro e dólar em aversão ao cenário de maiores riscos.

         No mercado das commodities agrícolas, a soja tem sido aquela que mais vem exibindo queda nas cotações internacionais. Estima-se que a China deverá reduzir em 10 milhões de toneladas suas importações dos EUA, beneficiando, em parte, os embarques brasileiros do produto2 para o gigante asiático.

         Considerando as exportações brasileiras de café (todos os tipos) no primeiro quadrimestre de 2018 e de 2019 para os dois destinos em disputa comercial, constata-se que houve grande avanço dos embarques brasileiros no período analisado (Tabela 1).

 

         Nas exportações de café do Brasil (todos os tipos) para os estadunidenses, verificou-se expansão de quase 36%, com destaque para os embarques de conilon com acréscimo de 544%. Ademias, como aponta o relatório mensal do CECAFÉ3, as compras de cafés diferenciados desse país, entre janeiro e abril de 2109, exibiram salto de 22,7%, contabilizando 580 mil sacas adquiridas a preço médio de US$163,09/sc., ou seja, US$35,12/sc. de ágio por unidade comercializada.

         Embora em volumes mais modestos, houve crescimento também nas quantidades de café negociadas com a China (ampliada com o acréscimo dos embarques para Hong Kong e Macau), que somente não foi percentualmente maior devido ao enfraquecimento das transações com o tipo solúvel (queda de 56,45%). O aumento da concorrência entre indústrias de solúvel do Brasil, do Vietnã e da Indonésia pode estar contribuindo nessa queda nas compras chinesas do produto4.

         Os resultados cambiais das exportações no período considerado, para ambos os destinos, mostraram evolução favoráveis. O incremento de 22,85% e 27,63% dos valores negociados, para EUA e China respectivamente, sob contexto de mais de 20% de queda nas cotações internacionais, demonstra que esse mercado permanece muito dinâmico em que quantidades e valores mantêm-se em trajetória de crescimento vigoroso (Tabela 2). 

 

 

         O mercado estadunidense constitui-se no maior cliente para as exportações brasileiras, superando as compras da Alemanha, outro importante país importador. Ser líder nesse mercado é posição que deve ser fortalecida, pois os volumes demandados pelos EUA são grandes, concedendo escala para as operações dos exportadores e para a atividade portuária e, por essa razão, incrementando a liderança competitiva do Brasil no mercado global de café.

         Por sua vez, as vendas de cafés para a China vêm numa trajetória crescente. Atualmente, em detrimento do chá, o consumo de café por parte especialmente da população jovem é percebido como comportamento moderno. O mercado chinês é o mais dinâmico para a expansão de redes internacionais e nacionais de cafeterias, sendo que as duas maiores redes projetam inaugurar ao menos dois novos pontos de oferta da bebida diariamente. O mercado chinês vive um boom no segmento, e o Brasil, precisa estar estrategicamente posicionado nesse cenário, o que de fato vem acontecendo5.

 

 

 

1DENG, C.; ZUMBRUN, J.; SALAMA, V. Após retaliação da China, EUA avaliam novas tarifas. Valor Econômico, São Paulo, 14 maio 2019. Disponível em:https://www.valor.com.br/internacional/6253435/apos-retaliacao-da-china-eua-avaliam-novas-tarifas. Acesso em: maio 2019. A cautela sinaliza que os chineses dispõem de outros mecanismos de retaliação que já estão sendo empregados, como a alienação de Treasuris do governo americano.

 

2LOPES, F.; PRESSINOTT, F.; NAVARRO, K. Disputa comercial mantém mercado de soja sob pressão. Valor Econômico, São Paulo, 14 maio 2019. Disponível em:https://www.valor.com.br/agro/6253309/disputa-comercial-mantem-mercado-de-soja-sob-pressao. Acesso em: maio 2019.

 

3CONSELHO DE EXPORTADORES DE CAFÉ DO BRASIL. Relatório mensal: abril 2019. São Paulo: CECAFE, 2019. Disponível em: https://www.cecafe.com.br/publicacoes/relatorio-de-exportacoes/. Acesso em: maio 2019.

 

4Embora tenha havido declínio das vendas brasileiras de solúvel, estas ainda podem ser compensadas ao longo do ano, mantendo volume importante de transações para aquele destino.

 

5A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento visitou a China na segunda semana de maio, onde promoveu, ao lado de entidades como a APEX e da BSCA, rodada de degustação de cafés do Brasil com autoridades e empresários do ramo, justamente para divulgar a qualidade, confiabilidade e excelência do produto brasileiro.

 

 

 

Palavras-chave: exportações de café, guerra comercial, tarifas.

 

 

Data de Publicação: 24/05/2019

Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@iea.sp.gov.brConsulte outros textos deste autor

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