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T Ó P I C O : Manutenção de lavouras de café em período de crise - Por Roberto Antônio Thomaziello

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Comentários do Tópico

Manutenção de lavouras de café em período de crise - Por Roberto Antônio Thomaziello


Autor: Leonardo Assad Aoun

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6 comentários

Último comentário neste tópico em: 24/05/2019 16:10:48


Leonardo Assad Aoun comentou em: 23/05/2019 23:35

 

Manutenção de lavouras de café em período de crise - Por Roberto Antônio Thomaziello

 

O foco é redução de custos sem afetar o desenvolvimento e a produção. Isto é possível?

A primeira reação do produtor é reduzir a adubação, sem qualquer critério técnico. É um grande equivoco, pois a planta não sabe que existe crise, necessita de nutrição adequada para se desenvolver e produzir.

Os reflexos dessa medida virão mais a frente, com diminuição do vigor vegetativo e queda na produtividade.

Em qualquer momento, em especial no período de crise, a produtividade é a única forma de sobrevivência.

A segunda reação é diminuir ou não executar os tratamentos fitossanitários. Os reflexos serão negativos na produção a curtíssimo prazo, já no ano agrícola em que a decisão é tomada.

Quais seriam as medidas a serem implementadas sem que isso leve o produtor a prejuízos irreparáveis e que lhe permita sobreviver neste momento?

Poda: o cafeeiro não tem crescimento continuo e indefinido dos ramos de produção (plagiotrópicos).

No sistema atual de plantio em renque (0,50 a 0,70 m) entre cafeeiros, perde-se na produção por planta e ganha-se na produção por área (ha) devido a um maior “stand” de plantas, que é o que interessa. Produzindo menos por pé a planta se esgota menos, mas rapidamente tem seus ramos de produção (plagiotrópicos) atingindo seu ápice produtivo. Desse ponto para frente a produtividade diminui gradativamente, mesmo que os demais tratos culturais estejam sendo realizados corretamente. É o momento de revigoramento, portanto, o momento da poda.

Qual a poda que pode reduzir custo? Sem dúvida é o esqueletamento. Por quê? Porque a safra é zerada e em ano de safra zero diminui-se custos com:

Adubação: havendo níveis adequados de fósforo e potássio no solo, trabalha-se no primeiro ano quando não há produção apenas com adubo nitrogenado, na faixa de 200 – 250 kg de N por hectare.

Pragas: não tendo fruto não tem ataque de broca, logo não tem custo com inseticida. Ficar atento com incidência de bicho mineiro.

Doenças: a pressão é menor, pois não há produção. Cuidado com a ferrugem no final do ciclo vegetativo e Phoma no inicio das novas brotações. Gasta-se menos com fungicidas.

Colheita: safra zerada não tem colheita, reduzindo custo com mão de obra e preparo da lavoura para a colheita.

Infraestrutura de preparo: sem produção em parte da lavoura otimiza-se melhor o uso da infraestrutura sem os gargalos que sempre acontecem em anos de safra alta, muitas vezes com prejuízos a qualidade.

Quando realizar a poda? Logo após a colheita, no máximo até agosto e em cafezais que estão saindo da safra alta, pois, no ano seguinte a safra será baixa. Não se deve podar café após ano de safra baixa.

O importante é que a média entre safra alta e zero seja mantida em nível competitivo, na faixa pelo menos 35 sacas de café beneficiado por hectare para lavouras de sequeiro, que representa a maior área cultivada no Brasil. Evidente que para áreas irrigadas essa média tem que ser maior.

Mão de obra: procurar racionalizar o seu uso visando também a redução de custos.

Nutrição das lavouras em produção: é o momento primordial de se utilizar duas ferramentas importantes que auxiliam para redução de custos: análise de solo e foliar. Através da análise de solo pensando-se mais em macronutrientes, com V% acima de 50 pode-se suprimir a aplicação de calcário. Índices de P acima de 30 mg/dm3 e de K com 3,0 ou mais mmolc/dm3, pode-se até dispensar a adubação com esse elementos, a não ser casos específicos de lavouras com alta produtividade.

Trabalha-se apenas com adubo nitrogenado, este sempre indispensável.

Análise foliar realizada no verão (janeiro) permite readequar a programação nutricional estabelecida no início do ano agrícola, principalmente visando à redução de nutrientes quando os valores estiverem no nível liminar superior ou suplementar aqueles deficientes.

Outras medidas podem-se ser implementadas como o uso de defensivos genéricos comprovadamente eficientes, mas com menor custo que os tradicionais do mercado; abolir uso excessivo de produtos foliares “milagrosos” sem eficiência científica comprovada; racionalizar o uso da água para irrigação.

Engenheiro Agrônomo Roberto Antônio Thomaziello

Bolsista do Consorcio Pesquisa Café – Centro de Café ‘Alcides Carvalho’ – IAC – Campinas

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Sergio Castejon comentou em: 24/05/2019 09:01

 

Mão de obra -racionalizar como?

 

Caro professor. Excelente artigo. Peço a gentilzeza de detalhar sobre quais as estratégias para atingir o objetivo de “racionalizar Mão de Obra” sem prejuízo na lavoura.

Peço a gentileza de nos agraciar com mais um excelente artigo, agora considerando a premissa provável de que a crise se prolongue por um período longo, por exemplo - 3 ou mais anos  

Sobre outras medidas diante da crise. Eu considero a alternativa de erradicar talhoes com elevado custo de manejo devido a muitas falhas, relevo difícil, pedras q impeçam a mecanização, etc  

Também considero recepar os cafés q precisam de renovação na estrutura da árvore. Mas como melhor lidar com os elevados custos de desbrota?

 

TAGS: Crise, da porteira pra dentro, custos, estratégias, crise longa

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Diogo Dias T. de Macedo comentou em: 24/05/2019 11:44

 

Racionalização de Mão de Obra e "Time" de realização.

 

Prezado Sérgio,

Temos trabalhado muito com essa "racionalização da mão de obra", e uma das formas que conseguimos melhorar nossos índices foi com o planejamento do uso da mão de obra e metas de execução.
O grande problema que tinhamos era a realização do serviço em hora errada, sem planejamento e sem meta de execução, vou dar alguns exemplos para tentar ficar mais clara nossa metodologia.

Trabalhamos com safra zero em praticamento 40% de nossas lavouras, e realizamos a desbrota geral dos cafeeiros esqueletados. Assim temos que o esqueletamento e decote deva ser feito até julho com início em maio: 220.000 pés / 1500 pés por dia / 3 meses ou 75 dias = 1,95 dh e para o decote com rendimento de 2000 pés por dia 1,46 dh. Se começarmos mais tarde temos que colocar mais pessoas para realizar o serrviço, como se diz: não temos dia para começar, mas temos dia para acabar!

Desbrota é um serviço muito demorado, se deixarmos para realizar a desbrota quando os brotos já estão lenhosos fica mais complicado ainda, assim temos que realizar a primeira desbrota logo após o esqueletamento que facilita o acesso aos brotos e a segunda enquanto os brotos ainda estão verdes, melhorando o rendimento do pessoal.

Controle de cipó é outro serviço que merece atenção, se a aplicação do herbicida for realizada no tempo certo, antes do cipó "subir" na lavoura, a chance de escapar cipó é bem menor do que se realizar com o mato passado, e mais diárias serão gastas com a retirada de cipó.

Essa é a experiência que tive com a racionalização de mão de obra, usar de um bom planejamento e executar na hora certa, às vezes é melhor gastar 10 diárias a mais hoje do que ter que usar 100 diárias depois para realizar o mesmo serviço.

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Roberto Antonio Thomaziello comentou em: 24/05/2019 16:11

 

Mão de obra

 

Sergio

Cada propriedade é uma situação particular.Não dá para emitir uma receita única para todos os casos.Você está correto quanto a erradicação de talhões falhados e com baixa produtividade.A recepa é uma poda drástica e cara devido a desbrotas,onde o uso da mão de obra é indispensável.A recepa compensa paratalhões sem falhas e com stand de 4.000 pés/ha ou mais.

 Você mecaniza sua lavoura?Qual a área média que um trator consegue cobrir?Um número muito utilizado na cafeicultura é de um trator para 45 a 50 ha.Com gestão e acompanhamento rigoroso,atualmente há propriedades onde essa relação é 1 para 60 a 65ha.Redução de custo.

Na pulverização:qual seu gasto com água?Com tratores bem regulados e bicos adequados o volume pode ser bem menor que os tradicionais 400 L/ha.Significa menos deslocamentos para abastecimento e menor volume de água.Redução de custo.

 O mesmo raciocínio é válido para a aplicação de herbicidas.Dependendo do mato a ser controlado e do produto usado,pode-se trabalhar com volumesna faixa de 150 a 200 L/ha.Redução de custo.

Isso tudo aumenta a eficiência e reduz custos,pois tratorista envolvido no processo é mão de obra especializada.

No processo de preparo(pós colheita) não vale a pena analisar a possibilidade de melhor uso da mão de obra?

São exemplos onde o cafeicultor pode repensar a sua gestão.

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João Marcos Altieri Ramos comentou em: 24/05/2019 16:16

 

Parabéns pelo artigo

 

Prezado Dr. Thomaziello

Parabéns pelo artigo.

Vivemos atualmente tempos difíceis da cafeicultura, tendo em vista ao longo dos anos já temos diminuído os custos e aumentando a produtividade. Não temos mais sobras pra queimar e tão pouco como ampliar a tecnologia que poderia refletir em ganhos.

Excelentes também as colocações e contuibuições do Sr. Sergio Castejon e Sr. Diogo Dias.

Aproveito para reiterar ao Dr. Sérgio Pereira (vulgo Serjão) nosso apreço e agradecimento por manter vivo o Peabirus. Participo há 12 anos e tem disso a grande ferramenta de informação dos Cafés do Brasil. A única verdadeiramente democrática.

Obrigado

João Marcos Altieri Ramos

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Edmundo Modesto de Melo Modesto comentou em: 24/05/2019 16:22

 

crise cafeeira

 

Parabens ao artigo (thomaziello) e comentários.

Acrescento que além da produtividade e redução de custos, o produtor precisa ser mais empresarial nos tempos de crise. Produtores que tem lavouras acima de 1000 metros e trabalham muito bem o pós colheita, conseguem em torno de 20% (média) de cafés acima de 85 pontos(cafés especiais) , que normalmente se consegue vender a preços bem melhores que comodites. O produtor precisar aprender a vender estes cafés especiais e não entrega-los a atravessadores ou algumas cooperativas. Produtor tambénm precisa conhecer o que é um café especial aprendendo a provar café. Qualidade também é fundamental para driblar a crise.

Edmundo Modesto de Melo

Eng º Agrº MSc em Fitotecnia

Pós graduado em Cafeicultura empresarial.

Coordenador Técnico de Culturas- EMATER-MG  LAVRAS

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