T Ó P I C O : Investigando os limites do consumo de café no Brasil
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Investigando os limites do consumo de café no Brasil
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 14/02/2018 22:44:43
Leonardo Assad Aoun comentou em: 14/02/2018 06:29
Investigando os limites do consumo de café no Brasil
Uma análise acerca do futuro da bebida no país
O consumo per capita de café no Brasil, em equivalente de café verde, chegou a 6,2 quilos em 2017. Isso corresponde a 21,5 milhões de sacas de 60 quilos no total, conforme pesquisa da Euromonitor encomendada pela Abic.
Na comparação com outros países, estamos em 11º lugar no ranking de consumo per capita. O Gráfico 1 mostra os 20 países cujos habitantes mais bebem café. A análise desses dados revela fatos interessantes.
Todos, com exceção da Bósnia e Herzegovina, possuem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior ao nosso. Exceto pelo Canadá, todos são europeus. O Brasil é a única nação produtora de café, e também a única abaixo da Linha do Equador, a ocupar as primeiras posições.
Nosso país é um ponto fora da curva quando se trata de tomar café. Apesar de sermos pobres e morarmos em terras quentes, bebemos mais café que os alemães ou os franceses. Só perdemos para países muito frios e desenvolvidos.
Mas qual será o nosso limite de consumo?
Entre 2000 e 2017, o consumo dos brasileiros cresceu a uma taxa anual média de 1,8%. No entanto, a tendência apresenta duas fases distintas que podem ser observadas no Gráfico 2.
De 2000 a 2012 o aumento foi contínuo e elevado. A taxa desse período é de 2,5% ao ano (linha vermelha). De 2012 a 2017, o crescimento ocorreu à taxa de 0,9% a.a. (linha verde). Seria um sinal de que estamos próximos ao nosso limite? Talvez.
A partir dos dados disponíveis, criei três projeções. A primeira, que chamarei de “otimista”, utiliza a taxa de 1,8% a.a. observada durante o período 2000–2017. A segunda, chamada de “realista”, utiliza a taxa de 0,9% a.a. do período 2012–2017. Elaborei ainda um cenário “pessimista”, com uma taxa de apenas de 0,4% a.a.
Essas taxas foram utilizadas para calcular o consumo per capita em 2027. Os resultados são apresentados na Tabela 1.
No cenário pessimista, o Brasil alcançaria o atual patamar de Luxemburgo, enquanto no realista, o padrão da Bélgica (Figura 1). Mesmo no cenário otimista, continuaria abaixo do Canadá.
O impacto desses níveis sobre o total consumido no Brasil é apresentado na Figura 4. Foi utilizada a estimativa do IBGE para a população brasileira em 2027, que é de exatamente 220.428.030 pessoas. O incremento varia de 1,3 milhão de sacas a 5,8 milhões.
Se o alto consumo do Canadá e do norte europeu for causado por uma combinação de cultura, renda e clima, é improvável que alcancemos o patamar de 8,0 quilos. Afinal, temos a apenas a cultura de beber café.
Se a nossa economia entrar numa trajetória de crescimento pelos próximos dez anos, o per capita pode avançar mais um pouco, mas sem chegar ao nível dos países frios.
Conclusões
À medida que o mercado interno brasileiro evolui, ele passa pelas mesmas tendências já observados nos mercados maduros: menor ritmo de expansão no volume total e forte crescimento nas vendas de cafés especiais e cápsulas.
As vendas de cafés especiais e cápsulas contribuem pouco para o aumento do volume total. Talvez até reduzam o consumo per capita de algumas pessoas. Por outro lado, criam oportunidades para as empresas explorarem nichos com maior valor agregado.
A taxa de crescimento “realista”, de 0,9% a.a., não é interessante para as grandes torrefadoras, o que fará com que elas invistam cada vez mais nos nichos (como já tem acontecido).
A produção brasileira de café aumentou 1,6% a.a. entre 2006 e 2016. Se a taxa permanecer pelos próximos dez anos, a participação do consumo interno sobre o total produzido no país cairá, exceto no caso de o cenário otimista acontecer, mas ele é improvável.
Pensando no longo prazo, é plausível imaginar que o consumo per capita brasileiro vai estagnar em algum ponto entre os 7 e os 8 quilos. Caso o Brasil mantenha a sua secular tendência de ampliação da oferta, teremos um cenário novo: todo o adicional das novas safras, antes dividido entre os mercados interno e externo, será direcionado para fora.
Fonte: Coffee Insight
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