Gabriela Rodrigues Narazeth comentou em: 25/10/2016 15:14

Dólar fraco pode impulsionar mercado em NY acima de 159,60 cents

Os contratos futuros de café arábica subiram ontem na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), mas abaixo da resistência de 159,60 cents. Ao falhar na tentativa de romper nível mais alto, o mercado pode buscar tecnicamente o suporte a 153,15 cents (mínima do dia 14, sexta-feira), se o câmbio permitir.

O diretor de Commodities, Rodrigo Costa, do Banco Société Générale, informa que a trajetória do real brasileiro é uma boa bússola para indicar a direção dos futuros em Nova York. “Por ora, a compra de commodities pelos fundos de investimento está ignorando a valorização do Índice do Dólar”, comenta Costa, em relatório semanal.

A moeda norte-americana já cedeu cerca de 20% desde o início do ano, em relação ao real, e já é cotada em cerca de R$ 3,12. Segundo analistas, essa depreciação está ancorada na expectativa de recursos que devem ser internalizados pelo programa de repatriação de dinheiro não declarado no exterior. O dólar ficou em R$ 3,1190, desvalorização de 1,65% no dia.

Os fundos de investimento, por sua vez, aumentaram o saldo líquido comprado em café em Nova York na semana encerrada em 18 de outubro, para 39.040 lotes, ante 31.306 lotes no dia 11, mostrou na sexta-feira o relatório de posicionamento de traders da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês).

Conforme Costa, os fundos compraram cerca de 8 mil lotes de futuros até terça-feira (18), posição que deve estar ligeiramente menor. De acordo com ele, essa posição não deve apresentar uma diminuição grande, “se o contrato para dezembro em Nova York se mantiver acima de 153,15 centavos de dólar por libra-peso”, estima.

Com relação aos estoques do produto pelo mundo, Costa citou que os certificados da ICE aumentaram em 9.837 sacas na semana passada, sinalizando que uma manutenção da alta em Nova York deve atrair mais vendas de café. No ano, o estoque certificado caiu 450.792 sacas. Na Europa, o mais recente levantamento da Federação Europeia de Café mostra que, em agosto, o estoque diminuiu 205 mil sacas, para 11,95 milhões de sacas, ante 12 milhões de sacas há um ano. Nos Estados Unidos, o estoque certificado e não-certificados subiu apenas 913 sacas em setembro, para 6,2 milhões de sacas.

Costa salienta que as chuvas no Brasil foram erráticas nos últimos dias. “Alguns participantes do mercado brasileiro relataram a surpresa das floradas que aconteceram até agora, prematuramente crendo que pode suavizar a queda da produção no ciclo de 2017/18″, relata. Segundo ele, a cautela com a produção de conilon (robusta) continua, até mesmo porque os preços da variedade ultrapassaram os arábicas “menos nobres”.

A Somar Meteorologia informa que a chuva entre o Paraná e o sul de Minas Gerais acumulou cerca de 50 mm em algumas áreas produtoras nos últimos sete dias. Conforme a Somar, a situação pouco mudará nesta semana. Instabilidades tropicais e uma frente fria provocam chuva sobre o Paraná, São Paulo e sul de Minas Gerais. “Especificamente na quinta-feira, um ciclone extratropical causa vendavais no centro e sul do Brasil. Durante todas as tardes desta semana, há potencial para granizo nas áreas mais elevadas de Minas Gerais”, diz a Somar. Em compensação, na Bahia, Espírito Santo e Zona da Mata, a chuva será bem mais dispersa e a temperatura permanecerá elevada, prevê a meteorologia.

Os futuros de arábica em Nova York trabalharam no terreno positivo em boa parte do pregão de sexta. Os contratos com vencimento em dezembro/16 acabaram fechando em alta de 1,15% (180 pontos), a 157,90 cents. O mercado teve máxima de 159,30 cents (mais 320 pontos). A mínima foi de 155,65 cents (menos 45 pontos).

Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam que as cotações do arábica no mercado físico brasileiro subiram ontem. O indicador Cepea/Esalq do Café Arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 512,09/saca de 60 kg, aumento de 0,49% sobre a sexta-feira. O Cepea apurou, no entanto, que as vendas continuam calmas, com produtores negociando apenas quando existe a necessidade de fazer caixa.

Os negócios com robusta também foram fracos e os preços se mantém em alta. O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 526,07/saca de 60 kg, valorização de 0,61% no dia. O tipo 7/8, bica corrida, ficou em R$ 517,49/sc de 60 kg, avanço de 1,06% na mesma comparação – ambos à vista e a retirar no Espírito Santo.

Fonte : Agência Estado

VIA: CAFÉ DA TERRA

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